segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A Desumanização da sociedade


A desumanização da sociedade
Terá consequências imprevisíveis
Crescem os conflitos entre pessoas
E as dificuldades já são visíveis

As novas gerações vivem fechadas
Uma vida mecanicista e desumana
Passam mais tempo com máquinas
Do que passam na relação humana

Habituados a serem obedecidos
A terem tudo sem contrariedade
Não aceitam opiniões diferentes
A intransigência é uma realidade

Acabaram as famílias numerosas
Elas, são pequeninas no presente
Dantes os recursos eram escassos
Mas eram partilhados irmãmente

A própria sociedade apostou tudo
Nas virtudes do individualismo
E criou as melhores condições
Pró desenvolvimento do egoísmo

Já não há diálogo nas famílias
Que havia à hora das refeições
E era muitas vezes aproveitada
Para a troca franca de opiniões

A família está hoje fragmentada
Não há transmissão de valores
Os pais, já não são a referência
Esta geração não tem educadores

Os professores também não são
A referência das novas gerações
A referência são os companheiros
De luta, nas mesmas competições

Qual o objectivo desta geração?
Competir entre si e ter sucesso
Acabaram os valores da partilha
Há vitórias que são um retrocesso

António Silva
Agosto 2012

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

274 - O BIG BROTHER JÁ CÁ CHEGOU

Orwell já o tinha anunciado há muito tempo e hoje é vísivel em toda a parte dentro e fora de empresas, centros comerciais, auto-estradas e em casa particulares a espionagem é global. Leiam e comentem.


O Big Brother já cá chegou
Como Orwell tinha anunciado
Mil câmaras nos espreitam
Um pouco por todo o lado

Voltou o tempo dos espiões
Da Guerra Fria e da ditadura
Escutam-nos atrás das portas
E pelo buraco da fechadura

Há câmaras secretas e às claras
Dizem que é para nossa segurança
Mas alguém se vai sentir seguro
No meio de tanta desconfiança?

Há uns que espiam por inveja
Outros espiam por curiosidade
Mas também há quem nos espie
Por ter suspeita de infidelidade

Espiam-nos no espaço público
Como nos espiam no privado
Há os que avisam e outros não
Sorria, você está a ser espiado

Há quem defenda a privacidade
E há também quem não a tema
Fazem tudo para dar nas vistas
Como sendo artistas de cinema

Espiam-nos nas auto-estradas
Nas ruas e centros comerciais
Por dentro e fora dos bancos
E espiam-nos nas redes sociais

Câmaras são polícias de serviço
Espalhadas por todo o Portugal
Mas que estranha democracia
Mais parece um Estado policial

Este povo não sabe nem sonha
Quanto estamos a ser vigiados
E eles espiam as nossas vidas
Sem sermos vistos nem achados

António Silva, Abril de 2012

segunda-feira, 4 de junho de 2012

77-Fernando Pessoa

No mês da passagem de mais um aniversário do poeta Fernando Pessoa, dedico a todos os aniversariantes do mês de Junho.Leiam e comentem:
I
Nasceu em 13 de Junho de 1888
No Largo de S. Carlos em Lisboa
Foi poeta, escritor e jornalista
De seu nome, Fernando Pessoa
II
Viveu e estudou na África do Sul
Onde teve uma educação inglesa
Defendeu a sua Pátria de sempre
A sua amada, língua portuguesa
III
Conheceu pessoas importantes
E teve delas boas lembranças
Mas o melhor que há no mundo
O melhor? São as crianças !
IV
Nunca casou, não teve filhos
Mas nunca conheceu a solidão
Ele criou uma grande família
Todos filhos da sua imaginação
V
Alberto Caeiro, Álvaro Campos
São alguns filhos da sua pena
Um homem é sempre grande
Quando a alma, não é pequena
VI
Surpreendem os seus poemas
Só comparáveis aos de Camões
Ele criou vários heterónimos
Ninguém sabe porque razões
VII
"Todos os dias são meus
Do nascer até ao morrer"
Dos 47 anos que ele viveu
Ainda há muito por saber
VIII
Fez da bebida sua companheira
Porque se julgava mais forte
Mas a bebida é má conselheira
Em vez da vida, deu-lhe a morte
IX
Parabéns aos aniversariantes
Do mês dos Santos Populares
Mês de Junho, um país em festa
Uma festa, em todos os lugares

domingo, 15 de abril de 2012

224-Estado Novo, 50 anos de ditadura

Aproximamos de mais um aniversário do 25 de Abril, é bom mostrar aos mais jovens o que foi o antigo regime que deu lugar ao 25 de Abril, para eles compreenderem a história do país.

Salazar criou um Estado Novo
Todo feito com ideias velhas
E guardou-o como um pastor
Guarda um rebanho de ovelhas

Salazar recuperou as finanças
Deixou muito oiro como herança
Foi o preço de 50 anos de vida
Sem liberdade, nem esperança

País atrasado e sem liberdade
No trabalho, na escola, na rua
Salazar não admitia opiniões
Que fossem diferentes da sua

Salazar prendia e torturava
E mostrou com essas atitudes
Que a ditadura do Estado Novo
Nunca foi, um poço de virtudes

Aljube,Tarrafal, Peniche, Caxias
Prisões politicas de má memória
Foram lá escritas com sangue
Páginas negras da nossa história

Salazar foi um hábil negociador
Agradou a gregos e a troianos
Não fomos à guerra da Europa
Fomos à guerra d'África 13 anos

Governou com mão de ferro
Uma ditadura suave de veludo
Tivemos um país sem direitos
Porque a Pide controlava tudo

Nesse tempo havia emprego
Dizem muitos, mas sem razão
Um milhão emigrou p'rá Europa
Porque cá, não ganhava o pão

Salazar quis parar o tempo
E fez tudo a bem da Nação
Mas o tempo veio a mostrar
Que Salazar, não tinha razão

263-A dívida é património imaterial de Portugal

agora que nos estão a vender as empresas tudo para pagar as dívidas rsta-nos a dívida como património imaterial de Portugal.

Oh Portugalinho de Barcelos
Viveste num mundo de ilusões
Endividaste-te mais que devias
E estás entregue aos tubarões

Construiste pontes e estradas
Obras sem dinheiro, coisa rara
Em parcerias público-privadas
Que te custam os olhos da cara

Fizeste a multiplicação dos pães
Sem teres dinheiros nenhuns
Mas agora quem paga somos nós
O negócio, que foi só de alguns

Não o largavam os patos bravos
Como lobos a cercarem o bicho
Negócio feito, deitaram-no abaixo
Veio a Moody?s deitou para o lixo

Mas ninguém pode dar o salto
Maior, do que a perna que tem
Quem come tudo, que tem hoje
Não vai ter que comer, amanhã

Meu Portugalinho pequenino
Já tens mais, do que é preciso
Tens quase 900 anos de idade
Já tinhas idade para ter juízo

Oh Portugalinho de Barcelos
Já perdeste o teu cantar altivo
Agora tens de pagar a dívida
Ou ainda, te vão depenar vivo

Foram estádios e autoestradas
Expo, TGV, aeroportos parados
Pontes, túneis, Casa da música
Tudo com valores multiplicados

Fizeste negócios ruinosos
Bancos falidos e corrupção
Mas quem vai pagar a dívida
Somos nós, até à 5ª geração

268-O país onde é proibido rir

Vive o país em clima de crise e tristeza e veio agora o Primeiro Ministro proibir o Carnaval. É caso para dizer é aguentar e cara triste. Sobre esse tema eu escrevi este poema:

Com o país mergulhado na crise
Farto de promessas não cumpridas
Carregado de taxas, e de impostos
Querem tirar o riso às nossas vidas

E vem agora o Primeiro Ministro
Proibir o Carnaval, uma asneira
Quer mostrar um país de trabalho
Onde ele, não admite brincadeira

Mas se tristezas não pagam dívidas
Proibir o Carnaval é um mistério
Quer o Primeiro Ministro mostrar
Que este Portugal, é um país sério

É muito triste viver num país
Onde até o riso é controlado
Qualquer dia ainda vamos ter
O riso do povo, nacionalizado

Cabe ao Governo e ao Presidente
O exclusivo de dizer umas chalaças
Porque este povo é chocarreiro
E ainda goza com as desgraças

Deu vontade de rir um ministro
Dizer aos professores para emigrar
Que devem procurar outro país
Que aqui, não há a quem ensinar

Outro ministro convidou os jovens
A sairem da sua zona de conforto
E partirem pelo mundo à aventura
Que Portugal,está a dar pró torto

Mas melhor foi o Presidente
A lamentar-se das suas pobrezas
Que as várias reformas juntas
Já não chegam para as despesas

Pede o Primeiro Ministro sem rir
Mais sacrifícios do que é preciso
Com tanto zelo ainda nos vai criar
Algum novo imposto, sobre o riso

domingo, 8 de abril de 2012

148-Sebastião da Gama, aniversariante de Abril

Este poema é uma homenagem a um grande poeta, professor e humanista. Sebastião da Gama, aniversariante de Abril.

Sebastião da Gama nasceu
Em Setúbal, na vila de Azeitão
Fez da Arrábida a sua amada
Seu grande amor e sua paixão

A serra da Arrábida foi para ele
O seu grande amor da sua vida
Que ele canta nos seus poemas
Com uma sensibilidade sentida

Liga de Protecção da Natureza
Foi obra criada, pela sua mão
Para proteger a Mãe-Natureza
Que ele amava, com devoção

Quando ele nasceu em Abril
Estavam os campos em flor
A Primavera era uma donzela
À espera do seu grande amor

Sebastião da Gama foi poeta
Grande humanista e professor
Em Lisboa, Setúbal e Estremoz
Deu provas de grande educador

Ele conta as suas experiências
No seu "Diário" desde criança
Escreveu o livro "Serra-Mãe"
E "O Cabo da Boa Esperança"

Protegeu a Natureza que amou
Porque sabia que estava certo
Escreveu: "Itinerário Paralelo"
E também o "Campo Aberto"

A sua Casa-Museu em Azeitão
Lembra o poeta todos os anos
Nos livros "O segredo de Amar"
E "É pelo sonho que vamos"

Parabéns aos aniversariantes
Do mês de Abril e das flores
Tenham muitos anos de vida
E muita felicidade aos amores

273-Em nome da verdade

Em tempo de Páscoa é bom saber o que vale a pena comemorar. Sobre a Páscoa eu escrevi este poema. Leiam e comentem:

Serve este poema para lembrar
O que há muitos anos aconteceu
Alguém amante da humanidade
Foi condenado à morte e morreu

Foi crucificado em Jerusalém
Um homem de 33 anos de idade
Crucificado como rei dos judeus
Acusado de ser amante da verdade

Foi um homem verdadeiro
Grande defensor da verdade
Pela verdade ele deu a vida
Para salvar a humanidade

Amparou os fracos e enfermos
Defendeu a todos da má sorte
Foi perseguido pelos poderosos
E estes, o condenaram à morte

Os poderosos usam a mentira
Para calar quem fale verdade
Para não pôr em causa o poder
Feito de enganos e de falsidade

Com mentiras ele foi acusado
E todos os justos se calaram
Ninguém saiu em sua defesa
E pelo silêncio o condenaram

Andamos todos preocupados
Com a maldade em vários tons
Mas hoje, o que mais preocupa
É este silêncio pesado dos bons

Não é fácil viver em verdade
Nos tempos que hoje correm
Ainda há homens e mulheres
Por amor à verdade, morrem

Na última Ceia disse aos discípulos
Sentindo que a vida chegava ao fim
"Tomai e bebei, isto é o meu corpo
E fazei isto, em memória de mim"

domingo, 18 de março de 2012

254-A dívida do nosso descontentamento

Não se fala noutra coisa senão na dívida e por isso também a dívida é tema de poemas, como este:

Endividaram-se os países
E endividaram-se as pessoas
Porque tinham vidas más
Mas queriam ter vidas boas

Fazer vida rica, é coisa boa
É ir à frente, ser o primeiro
Mas essa vida é muito cara
E precisa de muito dinheiro

Muitos pobres já tentaram
Essa fascinante experiência
Mas poucos enriqueceram
A maioria foi toda à falência

Ficam os pobres deslumbrados
Com a vida dos ricos e nobres
Só não sabem que, por cada rico
São precisos mais de mil pobres

As pessoas não são todas iguais
Mas a desigualdade é exagerada
Para os ricos terem vida de ricos
Os pobres têm pouco, quase nada

Não há tão grandes diferenças
Para tão grandes disparidades
E os ricos não trabalham tanto
Que justifique tais desigualdades

Tanto pobre, por cada rico
Mas a riqueza não cai do ar
Nós sabemos que a maioria
Não enriqueceu a trabalhar

Está a riqueza mal distribuída
Isso torna injusta a sociedade
E faz-nos corar de vergonha
Tanta pobreza e desigualdade

As dívidas que só uns fizeram
Trazem hoje o país descontente
Os lucros foram só para alguns
E prejuízos, para toda a gente

270-A violência doméstica existe. Porquê?

Neste mês de Março em que se celebra o Dia da Mulher, escrevi este poema que afecta muitas mulheres no mundo. Em vez de falar dos efeitos dessa violência, eu interrogo-me porque razão existe, quais as causas?

A violência doméstica existe
Vive connosco, lado a lado
Casais que se desentendem
Como acontecia no passado

Explique-me quem souber
A causa de tanta maldade
Mas que causas justificam
Tão grande barbaridade?

Insultos e desentendimentos
E tanta discussão irracional
Será teimosia ou mau feitio
Mas onde é que está o mal?

Se toda a sociedade é violenta
Também é violento o nosso viver
Onde o sonho de todos é poder
Trabalhar, consumir ou morrer

Será devido ao desemprego?
Aos trabalhos mal remunerados
Às longas viagens casa-emprego
Ou aos transportes superlotados

Vidas de luta e competição
Em guerras permanentes
Filhos criados ao Deus-dará
Em casa de pais ausentes

Vidas repetidas, estereotipadas
Onde a nossa paciência se esvai
Falta o dinheiro para a prestação
E o totoloto, que nunca mais sai

Vivemos numa corrida louca
Onde não há tempo para nada
O amor é apressado e violado
Porque a mulher está cansada

Mas se o homem não é de ferro
A mulher também não aguenta
E um dia por dá cá aquela palha
Vem a tempestade e...Rebenta!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

226-Direitos de cidadania

"Casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão".

Mas quem não contribuí para a resolução dos problemas colectivos, terá de se contentar com aquilo que os outros resolverem. Por isso é importante a participação cívica dos cidadãos na resolução dos problemas colectivos. Este poema fala disso mesmo. Leiam e comentem.

Em democracia não há eles
Em democracia só há nós
Façamos um futuro melhor
Que fizeram os nossos avós

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Consumir é como votar
Cada um, decide como quer
As consequências virão depois
Daquilo que cada um, fizer

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Não compre só por comprar
Não ceda ao apelo, compre já!
Tudo que é feito gasta recursos
Hoje há, mas amanhã, haverá?

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Tudo o que se desperdiça
E que não faz falta a você
Faz sempre falta a alguém
Se tem, não desperdice, dê

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Inovar é pensar diferente
Não se acomode, aprenda
Procure novas soluções
Seja positivo, surpreenda

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Lamentar não resolve nada
Já sei essa cantiga de cor
Simplifique, inove, sugira
Mas faça um mundo melhor

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Quem não participa em nada
Quem reclama tudo sem razão
É cúmplice do que não deseja
Porque se demitiu de cidadão

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Os direitos não caem do céu
São fruto duma longa batalha
Não tem direito, a ter direitos
Quem não mexeu uma palha

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É tão bom exigir dos outros
Aquilo que a gente não faz
Os outros, resolvem-nos tudo
E nós? Nós, vivemos em paz

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António Silva
Junho de 2011

261-O palavrão é uma arma

Falar mal, dizer asneiras, faz parte da linguagem agressiva que marca as relações sociais das sociedades modernas. Ouvimo-las nas escolas, na estrada, nos estádios, na rua. É um fenómeno que tem vindo a expandir-se, e que nem as mulheres escapam a esta moda malcriada. Leiam e comentem:

Os palavrões não são palavrinhas
Melodiosas, suaves bonitas de ler
São como as setas envenenadas
Bem violentas para fazer sofrer

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Os palavrões são como pedras
Usadas como arma de arremesso
São moeda de troca, no dia a dia
Que põe toda a moral do avesso

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Palavrões, eram coisa só de homens
Palavras carregadas de sexo, viris
Ditas fora do alcance das crianças
Para não ferir seus ouvidos infantis

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As crianças aprendem na escola
Palavrões vazios de inocência
Que usam sonoros, como tiros
Carregados de raiva e violência

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Esta não é linguagem de santos
E que ninguém, no altar os ponha
Dizem palavrões de fazer corar
Qualquer adulto, com vergonha

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Antigamente havia mais decoro
Linguagem nivelada por baixo
Fazia parte do negócio do sexo
Usado pela fêmea e pelo macho

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Já nem as mulheres escapam
A esta linguagem desbragada
Elas abusam dela a toda a hora
Alinham nesta moda malcriada

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E nós ouvimos a cada passo
Na escola, na rua, no trabalho
Palavrões que andam pelo ar
Cobrindo a todos de enxovalho

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Esta agressividade da sociedade
Faz parte desta louca competição
Vale tudo, o pontapé e a canelada
E o palavrão é usado à descrição

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António Silva

Fevereiro de 2012

131-Tu ainda não viste o padeiro

Chega o Carnaval e esquecem-se os problemas e volta a animação e até os poetas se tornam mais brejeiros para alegrar as populações. Foi com esse espírito que escrevi este poema.

Leiam e comentem.

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"Tu ainda não viste o padeiro? "
Diz o povo, cheio de malandrice
Todos dizem que sim, que viram
Mesmo quem, ainda o não visse

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O padeiro faz bolas e cacetes
Amassa o pão bem amassado
Conta com a ajuda da mulher
Que o mantém, bem acordado

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Enche a barriga a muita gente
Tanto homens, como mulheres
Trabalha o padeiro toda a noite
Não falte o pão, quando quiseres

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O padeiro, nunca trabalha só
Conta com a ajuda da mulher
Ela mete e tira o pão do forno
Quantas vezes o marido quiser

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Mais de mil bolas e cacetes
Ela meteu e tirou do forno
Mas há quem diga que ela
Não faz a ponta, dum corno

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Mas se o pão não fica igual
Diz o padeiro mal da sua vida
Ninguém quer bolas e cacetes
Que estejam fora, da medida

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Há muita gente que aprendeu
A fazer como o padeiro fazia
Começam logo de madrugada
E só acabam para o fim do dia

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Há os que têm jeito para isso
Que a prática, tudo melhora
Há uns que cozem pão em casa
E há outros que vão cozê-lo fora

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Mais importante é que no fim
Haja pão, para quem consome
Mesmo sem ter visto o padeiro
Ninguém, vai morrer de fome

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António Silva

Janeiro de 2010

41-Almeida Garrett aniversariante de Fevereiro

Lembrar hoje a figura de Almeida Garrett, o politico, o escritor, o romântico, o homem de teatro, o militar, no mês do seu aniversário, aqui fica a minha homenagem ao primeiro romântico português.

Leiam e comentem:



Almeida Garrett, nasceu
No Porto a 4 de Fevereiro
João Baptista da Silva Leitão
Era o seu nome verdadeiro

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Almeida Garrett poeta e escritor
Escreveu teatro, prosa e poesia
Fundou o Conservatório Nacional
O Panteão e o Teatro D. Maria

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Almeida Garrett, foi um dandy
Viajou na Europa e nos Açores
Amou a Viscondessa da Luz
Foi romântico de muito amores

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Escreveu Viagens na minha terra
No campo do Vale de Santarém
D. Branca, Adozinda e Lucrécia
Garrett escreveu Camões também

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No parlamento foi óptimo orador
O discurso, nunca o compromete
Ele foi nomeado por D. Pedro IV
Como Visconde de Almeida Garrett

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Garrett desembarcou no Mindelo
Com os liberais ele cercou o Porto
Ele esteve exilado em Inglaterra
Quando a coisa, deu p'ró torto

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Escreveu o Frei Luís de Sousa
Sua obra dramática magistral
Onde ele, pergunta ao romeiro
Se não é ele, D. João de Portugal

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Estão de parabéns todos aqueles
Que nasceram no mês de Fevereiro
Sejam românticos como Garrett
Que em Portugal, foi o primeiro

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Sejam amantes da Natureza
E dos seus campos em flor
E no seu coração borbulhante
Nasça um forte e intenso amor

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António Silva

Fevereiro de 2009

domingo, 8 de janeiro de 2012

Poema: Vieram cantar as Janeiras

Chega Janeiro e voltamos a ouvir cantar um pouco por todo o país as janeiras, sobre esta tradição eu fiz este poema dedicado a um grupo de pessoas que ouvi cantar as janeiras, espero que gostem, leiam e comentem.



Juntaram às suas vozes
Muita vontade de cantar
Vieram cantar ao Menino
Belas cantigas de embalar

Não são reis, nem rainhas
Vieram pelo seu próprio pé
Vieram cantar as janeiras
E mostrar à gente, como é

Tanta gente, tanta alegria
Tantas vozes, para ensaiar
Valeu a pena esse trabalho
Para a todos nós encantar

Muitas vozes, tantas vozes
Tantos corações a palpitar
Eu vi muitas bocas a sorrir
E vi muitos olhos a brilhar

Nas mãos traziam prendas
Prendas valiosas de verdade
Numa mão traziam a alegria
E na outra mão, a amizade

Vieram cantar as janeiras
Neste mês frio de Janeiro
Fiquem, não vão embora
Cantem-nos o ano inteiro

O Carnaval é já em Fevereiro
Cantem em Março a Primavera
Em Abril cantem a liberdade
E Maio voltará a ser o que era

Cantem marchas em Junho
No S. António e no S. João
Descansem em Julho e Agosto
Dos calores do nosso Verão

Cantem vindimas em Setembro
Em Outubro o Outono a chegar
E o S. Martinho em Novembro
E cantem o Natal, para acabar

Poema Festa do Reis ao Deus Menino de Belém

Para o dia de Reis, eu escrevi este poema em Janeiro de 2009. Espero que gostem, leiam e comentem.


Vieram de muito longe
Como todos bem sabeis
Adorar o Deus menino
Que foi Rei, entre os reis


Ele nasceu num estábulo
Pobre no meio da pobreza
A sua mensagem de amor
Era a sua maior riqueza


"Eu sou a verdade e a vida"
Disse aos desvalidos da sorte
E da sua palavra se fez luz
E afastou as trevas da morte


Defendeu os pecadores
Cristo a todos deu perdão
Prometeu um mundo novo
Ele foi o Rei da Conciliação


Fez a multiplicação dos pães
Repartindo-os com igualdade
A sua vida foi um exemplo
Ele foi Rei da solidariedade


Aos pobres e aos oprimidos
Deu palavras de confiança
Queria um mundo mais justo
Ele foi o rei da Esperança


Ele curou os enfermos
E a todos deu atenção
E a caridade fez dele
Rei da nossa Salvação


Ele espalhou pelo mundo
A sua mensagem de Rei
"Amai-vos uns aos outros
Como eu, sempre vos amei"


Teve amigos e inimigos
Foi traído por um dos seus
Os carrascos o crucificaram
Como o Rei, dos Judeus


domingo, 11 de dezembro de 2011

Poema: O álcool é mau companheiro

Em época de festas, há tendência para os excessos de bebidas alcóolicas. Não são as festas o lado pior mas sim a bebida de todo o ano, que cria habituação e vícia. Sobre o álcool eu escrevi este poema:

O ÁLCOOL É MAU COMPANHEIRO

O álcool é mau companheiro
E leva-nos por caminho errado
É muito melhor andar sozinho
Que andar mal acompanhado

O álcool é uma grande ilusão
Que a todos promete felicidade
Desvia-nos do bom caminho
Para nos esconder a realidade

O álcool não é santo milagreiro
O álcool não passa duma ilusão
Diz que aquece e que refresca
O álcool é um grande charlatão

O álcool é como a maré
Que vai e vem sem parar
Promete mudar, e não muda
Vai, mas volta ao mesmo lugar

O álcool faz mal aos filhos
Como já fez mal aos pais
Ele enfraquece os fortes
E faz os fracos, ainda mais

Quem bebe demais já sabe
Que acaba por ficar borracho
O álcool torna todos iguais
Faz o nivelamento por baixo

O álcool é um mentiroso
A todos promete felicidade
O álcool é um fala-barato
Que anda longe da verdade

Quem se entrega à bebida
Perde a dignidade humana
Bebe para enganar os outros
Mas é a si, que ele engana

Quem bebe para esquecer
Não resolve problema nenhum
Aos problemas que já tem
Ele vai acrescentar, mais um

Poema: O coração é fonte de amor

Fiz este poema sobre o coração, não o coração órgão, mas o coração que ama, sobre ele eu escrevi este poema, espero que gostem.

O CORAÇÃO É FONTE DE AMOR

Não vou falar do coração
Que bate entre pulmões
Que tanto bate de paixão
Como bate nas aflições

Não vou falar das doenças
Vasculares e hipertensão
Nem do colesterol elevado
Devido a má alimentação

Não vou falar do andar a pé
Exercício que tanta falta faz
Nem do álcool nem do tabaco
Dão calma, mas não são a paz

Falo dos casamentos falhados
Que crescem cada vez mais
E das crianças que vivem sós
Em famílias mono parentais

Da emancipação feminina
Que se bate pela mudança
Mas recusa a igualdade justa
E está sedenta de vingança

O homem é amado e odiado
Acusado pela desigualdade
Quando a culpa é dos poderes
Que mandam nesta sociedade

Uma sociedade sem crianças
Onde ser mãe só dá sarilhos
Que descrimina as mulheres
A terem o direito a ter filhos

Um dia teremos bebés proveta
Vendidos em supermercados
Prontos a usar e sem trabalho
Perfeitos, gordinhos, já criados

A culpa de todos estes males
É a falta de amor no coração
Que não pode viver sem amor
E ninguém ama, por obrigação

domingo, 4 de dezembro de 2011

Poema: Eu tive um sonho lindo este Natal

Em plena época natalícia, sobre o Natal eu escrevi este poema em contra-corrente à situação económica e social do país.

Tive um sonho este Natal
Eu vi toda a humanidade
A viver um mundo de paz
Cheio de justiça e verdade

Cooperar em vez de competir
Sem invejas, em perfeita união
Vi repartir a riqueza produzida
Sem deixar ninguém sem pão

Vi os filhos a cuidar dos pais
Quando os pais, são velhinhos
Como se fossem seus filhos
Com mil atenções e carinhos

Vi o salário pagar o empenho
Que todo o empregado deve dar
E vi o patrão a repartir o lucro
Com aquele que o ajudou a criar

Vi o marido a respeitar a mulher
E a mulher a respeitar o marido
Nunca ali se fez um divórcio
Ali não há lutas sem sentido

E se alguém cai em desgraça
Acodem todos de mão cheia
Nunca ali ninguém enriqueceu
À custa da desgraça alheia

Vi na escola alunos a aprender
A serem os homens de amanhã
Professores a ensinarem regras
Dum corpo são, em mente sã

Vi todos os povos do mundo
A amarem e a proteger a Terra
A desfazerem incompreensões
Que levam à cobiça e à guerra

Já ia o sol alto, quando acordei
Deste sonho lindo, pouco real
Sonho feito de muitos desejos
Para vos oferecer, neste Natal

Poema: Centenário de Alves Redol

Nasceu em Dezembro de 1911, chamava-se Alves Redol e faria 100 anos este ano. Sobre a sua vida e obra eu fiz este poema:

Seu nome era Alves Redol
E nasceu em Vila Franca
Terra de toiros e fandango
Tradições que o povo canta

Emigrou para Angola
Tinha somente 16 anos
À procura de vida melhor
Que esta vida de enganos

Alves Redol foi o pioneiro
Do neo-realismo em Portugal
Uma nova corrente literária
Contra a ditadura nacional

Petenceu ao MUD e ao PCP
Que se opunham à ditadura
Foi censurado e foi preso
Sofreu a repressão e a tortura

Viveu no Pinhão no Douro
Que ele conheceu até à Foz
Escreveu Vinhas de Sangue
Ao povo do Douro, deu voz

Escreveu Marés e Porto Manso
A vida do povo à beira Tejo
Fanga, A Forja e Reinegros
Glória, uma aldeia do Ribatejo

Escreveu Barranco de Cegos
Sua obra-prima por excelência
E também a Barca dos 7 Lemes
Foi um escritor da resistência

Redol descreveu nos Gaibéus
A vida dos ceifeiros da Beira
E no livro Avieiros ele conta
A saga dos pescadores da Vieira

Parabéns aos aniversariantes
Deste mês de Natal pequenino
Poucas festas e poucas prendas
Porque o país, está pobrezinho

Poema: 1961, ano de todas as mudanças

50 anos depois de 1961, vamos rever esse ano e os acontecimentos e mudanças que mudaram o país.

Corria o tempo, nesse tempo
Devagar, neste nosso Portugal
Salazar aprisionou os sonhos
E parou o tempo no país rural

Nos fins dos anos cinquenta
Era a democracia ainda um mito
Delgado prometia em eleições
Salazar? Obviamente demito-o

Vieram as greves e as prisões
Terminada a farsa eleitoral
1961, ano de todas as mudanças
Ano de início da guerra colonial

Para Angola já e em força !!!
Defender a Pátria, manda Salazar
Cem mil embarcam para África
Para defender o nosso Ultramar

Aos jovens, só resta escolher
Ir à guerra, ou então emigrar
Ficam os campos ao abandono
A esperança não pode esperar

Faltam os braços nas fábricas
Mas a produção não pode parar
Saem mulheres de suas casas
Vão para as fábricas trabalhar

Mas as mulheres fora de casa
Alteram a estrutura familiar
As crianças vão para a creche
E os pais velhos, vão para o lar

Às velhas profissões caducas
Novas profissões vão dar lugar
Pronto a vestir, pronto a comer
O tempo é pouco para trabalhar

Muda o mercado de trabalho
Para não parar o progresso
E da guerra vêm mensagens
"Adeus, até ao meu regresso"

domingo, 6 de novembro de 2011

Poema: Centenário do nascimento de Manuel da Fonseca

Na passagem do centenário do seu nascimento, eu escrevi este poema dedicado à obra do escritor e poeta Manuel da Fonseca.


Manuel da Fonseca nasceu
Em Santiago do Cacém
Estudou no Liceu Camões
E em Belas Artes, também

Foi escritor e foi poeta
Mas foi romancista primeiro
Foi neo-realista e fez parte
Do grupo Novo Cancioneiro

Ele trabalhou na Indústria
No comércio e em publicidade
Participou em muitas tertúlias
Nesta Lisboa, velha cidade

Era um artista a desenhar
E com desenhos fazia pirraça
Com divertidas caricaturas
De gente famosa da nossa praça

Foi militante comunista
E lutou contra a ditadura
Foi escritor neo-realista
Este mestre da literatura

Muitos dos livros que escreveu
Tiveram o Alentejo como tema
E alguns dos seus livros
Foram adaptados ao cinema

Escreveu o Anjo no Trapézio
E um Vagabundo na Cidade
Escreveu o Fogo e as cinzas
Foi um escritor da liberdade

Escritor do neo-realismo conta
A vida dos camponeses sem pão
Em Sam Jacinto e Aldeia Nova
Cerromaior e Tempo de solidão

Parabéns aos aniversariantes
De Outubro, início da caça
Tenham muitos anos de saúde
Sempre em estado de graça

Poema: A evolução da humanidade

Em tempos de turbulência, desta crise financeira, económica, social, energética e ambiental, não podemos deixar de nos interrogar, como chegámos até aqui e olhando o passado e a nossa história, vemos que ela assenta, numa série de injustiças e barbaridades. Sobre isso eu escrevi este poema:

A EVOLUÇÃO DA HUMANIDADE

Toda a evolução das civilizações
Desde do tempo da Antiguidade
É feita de guerras e subjugações
Essa é a nossa triste realidade

Povos a conquistarem povos
Guerras feitas, tudo por cobiça
Atrás de si deixam um rasto
De devastação e de injustiça

Todo o sistema é predador
E só vive da desgraça alheia
É um poder feito de injustiça
Instável como o chão de areia

Toda a evolução dos povos
É feita pelo triunfo do mal
Que já levou a humanidade
Bem perto da destruição total

Quem tem dinheiro tem poder
Andam os dois de braço dado
O dinheiro é o dono do poder
Porque isto, anda tudo ligado

Só a evolução pela democracia
Pelo saber e pelo conhecimento
Faz a evolução sem deixar atrás
Um rasto de dor e sofrimento

Já não há valores, nem há ética
Acabaram os códigos de conduta
Vale tudo, para chegar ao poder
E pelo poder, toda a gente luta

E toda esta louca competição
Para sermos mais competitivos
Pois só o dinheiro é que nos dá
O direito, a nós estarmos vivos

A competição pelo dinheiro
É fundamental no capitalismo
Luta que já pôs a humanidade
Com um pé, à beira do abismo

Poema: Ser voluntário, é ser solidário

Em tempo de crise, é quando mais precisamos uns dos outros, para ultrapassarmos as dificuldades que enfrentamos.
Neste ano do Voluntariado, escrevi este poema, que é uma homenagem a todos aqueles, que generosamente, oferecem de si, o seu tempo e a sua atenção a ajudar os que mais precisam. Bem hajam.

O voluntário dá-se aos outros
E em troca, só espera gratidão
A dádiva vale sempre a pena
Porque é dada pelo coração

Ser voluntário é dar de nós
Bons exemplos e boa vontade
Para minorar os males alheios
E repartir com eles, felicidade

Os voluntários são mensageiros
De justiça e bem-aventurança
Eles semeiam por todo o mundo
As sementes boas da esperança

A solidão não dá felicidade
Só há felicidade partilhada
Não se pode ignorar o outro
Sozinhos, não somos nada

Não é rico, quem têm muito
Rico não é quem tem mais
A riqueza sem solidariedade
É pobre de valores espirituais

Não são santos milagreiros
Mas fazem milagres de verdade
Acreditam num mundo melhor
Pela partilha da solidariedade

O egoísmo não é virtude
De que nos possamos orgulhar
É a pobreza dos que têm muito
Mas tem tão pouco, para dar

Tudo aquilo que se desperdiça
Tudo o que não faz falta a você
Faz falta, aquele que nada tem
Não desperdice o que tem, dê

O voluntário é amigo do amigo
Ele é um amigo desinteressado
Que acredita num mundo melhor
Num mundo, por todos partilhado

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Poema: A corrida ao Ouro


Para quem vive em Portugal, já se apercebeu dum fenómeno novo, que invadiu as nossas vilas e cidades. Todos os dias abrem lojas de compra de ouro. Sobre o fenómeno eu escrevi este poema.

A CORRIDA AO OURO

Dantes chamavam-lhe penhores
Hoje, são casas de compra de ouro
Dantes só ia lá, quem precisava
Hoje, são eles a fazer o chamadouro

Compram-nos o ouro e as pratas
E compram as jóias da família
E quando o ouro, se nos acabar
Também nos compram a mobília

Depois de termos vendido o ouro
Para pagar a crise e as mordomias
Vão-se os aneis e ficam os dedos
Ficamos pobres e de mãos vazias

Com o dinheiro que o patrão paga
Nós comprámos ouro, pró segurar
Mas o ouro, tal como o dinheiro
A mão que o deu, o torna a levar

Neste Natal vai encolher o subsídio
Ficamos com metade do dinheiro
Mas as grandes fortunas não pagam
Para não fugirem p'ró estrangeiro

Aqui, só os pobres pagam a crise
Porque estão habituados a pagar
Os ricos, ficam sempre de fora
Para a pobreza, não aumentar

O patriotismo dos ricos é surdo
Não tem ouvidos para escutar
Como o dinheiro, não tem Pátria
Eles põem o dinheiro a vadiar

O dinheiro adora a boa vida
E quer crescer, sempre mais
Adora off-shores e casinos
Vive bem em paraísos fiscais

Mas nesta economia liberal
Onde o paraíso não é eterno
As promessas de felicidade
Acabam sempre no Inferno

António Silva

domingo, 4 de setembro de 2011

Poema: Bocage, aniversariante de Setembro

Aqui deixo um poema dedicado a todos os aniversariantes de Setembro e ao grande poeta Bocage, aqui presto a minha homenagem neste poema à sua vida e obra.


Nasceu em Setúbal um poeta
Não foi Camões, mas quase
Ele fazia anos em Setembro
José Maria Barbosa Bocage

Teve uma infância infeliz
Ficou órfão em pequenino
Tinha talento como poeta
O famoso, Elmano Sadino

Correu mundo e aprendeu
Na boémia as lições da vida
Ninguém sabe, se estudou
Mas tinha a lição bem sabida

Juntava-se com os amigos
Todos os dias no café Nicola
Foi redactor e foi tradutor
Andou concerteza na escola

Foi um poeta da liberdade
Criticou tudo, a toda a hora
"Liberdade onde estás?"
Diz-me: "Quem te demora?"

Na poesia erótica e satírica
Os seus versos tinham lumes
Foi preso por Pina Manique
"Por desordenar os costumes"

Criticou os poderosos e o Papa
O novo-riquismo e até a religião
Para lhe moderarem as críticas
Foi entregue à Santa Inquisição

Prenderam-no num convento
Como um leproso em lazareto
Na prisão, ainda escreveu mais
Foi pior a emenda que o soneto

Parabéns aos aniversariantes
De Setembro,mês das vindimas
Voltem a fazer anos, pró ano
Que eu volto, com mais rimas

sábado, 27 de agosto de 2011

Poema: Empatas e empecilhos

Toda a gente os viu, toda a gente os conhece, eles andam por aí, em toda a parte, e quase sempre aparecem nos sítios onde menos interessa.

Nestes tempos do corre-corre, de gente apressada, há sempre alguém que se atravessa no caminho e que tem todo o tempo do mundo, e nos olham com cara espantada, para quem anda apressado, são os empatas da nossa vida.

Sobre os empatas eu escrevi, em Março de 2010, este poema:

"Empatas e empecilhos".

Espero que gostem e comentem.


Os empatas não se demitem
Da nobre missão de estorvar
O mundo não precisa deles
Mas eles, insistem em empatar

Gostam de parar nas esquinas
Óptimo sítio para conversar
Parados no meio dos passeios
Não deixam ninguém passar

Condutores de fim-de-semana
Parece a corte do rei a passar
Levam atrás de si um cortejo
Não andam, nem deixam andar

E temos aquela gente importante
Cuja importância não transparece
Sempre pronta a dar uma opinião
Que não aquece, nem arrefece

Para não falar no Chico Esperto
Mais esperto que toda a gente
Que conhece todos os atalhos
Para nos passar à nossa frente

Os maiores são os fanfarrões
Falam falam e não fazem nada
A falar, ninguém os leva presos
Com a sua lenga-lenga, fiada

Mas o invejoso não tem rival
Não é criança nem é homem
Passa a vida inteira a invejar
O pão que os outros comem

E temos os juízes de conflitos
Que para tudo, têm solução
Resolvem problemas alheios
Mas os seus, esses? é que não

Os paspalhos e empecilhos
Andam sempre à nossa frente
Têm na vida, a nobre missão
De empatarem, toda a gente

António Silva

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Poema: Perguntas com resposta

A falta de tempo é hoje um dos maiores problemas das sociedades industrializadas, os ritmos de trabalho são cada vez mais acelerados, somos ricos de tudo, mas cada vez mais pobres de tempo, tudo em nome da competitividade.
E nós seremos mais felizes assim?
A pensar neste tema, eu escrevi este poema em Setembro de 2009. Leiam e comentem.

Porque trabalhamos à pressa ?
Comemos e dormimos à pressa
Vivemos e morremos depressa
É esta a vida que interessa?

Vendem-te um mundo de ilusões
Que vais pagar a prestações
Vives num mundo de aflições
Que a muitos, rende milhões

Porque se enchem os estádios?
Porque a escola é uma estopada?
Porque queremos ter tudo ?
Quando não podemos ter nada ?

Tu compraste um carro
E uma carta de condução
E venderam-te a ilusão
De teres o mundo na mão

Porque há cada vez mais pobres
E os ricos têm cada vez mais?
Porque os filhos dos pobres
Só herdam a pobreza dos pais ?

Porque nesta selva urbana
Cheia de perigos escondidos
Enquanto há uns que comem
Outros estão a ser comidos

Os pobres só invejam os ricos
Porque têm pobreza que sobre
Eu nunca vi nenhum rico invejar
Levar ou fazer, a vida dum pobre

Porque há mais discotecas
Do que há bibliotecas?
Porque não lê, quem sabe ler?
Porque há pessoas analfabetas?

Se houvesse mais pessoas a ler
Haveria mais gente a responder
E todas dariam as respostas
Que a muitos, não interessa saber


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Poema: Miguel Torga, aniversariante de Agosto


Aqui vai um poema em homenagem ao escritor e poeta Miguel Torga, que fazia anos em Agosto. Para todos os aniversariantes de Agosto, os meus parabéns.
Espero que o poema seja do vosso agrado.


Nasceu no mês de Agosto
Em terras de Vila Real
Em S. Martinho da Anta
No nordeste de Portugal

Era filho de família humilde
Foi dura a infância que passou
Ninguém conheceu como ele
O pão que o diabo amassou

Aos 13 anos foi para o Brasil
Onde trabalhou em várias obras
Guardou vacas e apanhou café
Foi tudo, até caçador de cobras

Trabalhou 5 anos na fazenda
Dum agricultor, parente seu
Voltou depois para Portugal
Onde tirou o curso do liceu

Formou-se médico especialista
De ouvidos, olhos e garganta
Deu consultas em várias terras
E em S. Martinho da Anta

Fixou residência em Coimbra
Terra d'amores de Pedro e Inês
Nunca ganhou o prémio Nobel
Foi proposto mais que uma vez

Conheceu a miséria do povo
Do Portugal rural e profundo
Que ele relata nos seus Diários
E no livro "A Criação do Mundo"

Torga usa as referências biblicas
Para apontar as injustiças da terra
Foi perseguido e preso pela Pide
Por denunciar os crimes da guerra

Parabéns aos aniversariantes
Que fazem anos em Agosto
Mês das cigarras e das férias
E do luar, que brilha no rosto

Poema: Heróis do mar


Mês de Agosto é mês de férias e é mês de visita dos nossos emigrantes, a pensar neles e num certo modo de estar dos portugueses, fiz este poema.
Espero que seja do vosso agrado.


Nós já fomos os heróis do mar
Mas deixámos os barcos de vez
Hoje um carro e uma estrada
Fazem o novo herói português

Anda o país todo sobre rodas
Cada um vai no seu carrinho
Que o ambiente pode esperar
Prá frente, é que é o caminho

Todo o país a andar de carro
Pois assim mesmo, é que é
Ter carro é o grande sonho
Neste país, ninguém anda a pé

Pode faltar dinheiro para tudo
Até para o colégio da menina
Mas não pode faltar o dinheiro
P'rá atestar o carro de gasolina

Vamos de carro para todo o lado
Vamos levar os meninos à escola
Vamos de carro para o trabalho
E vamos de carro, para ver a bola

Pelas férias vamos à terrinha
Caminhos velhos e carro novo
Na volta o carro faz de carrinha
Vem o carro cheio, como um ovo

Vem o português emigrante
De carro, para gozar vacanças
Como vinham as naus da India
Carregadinhos de lembranças

E lá na terra é um vai e vem
Para mostrar tanta grandeza
Esquecer um ano de trabalho
Feito de saudade e pobreza

Mês de Agosto, mês emigrante
Não pára a cigarra de cantar
Fim de férias volta a ser formiga
Para mais um ano a trabalhar



terça-feira, 14 de junho de 2011

Poema: Fernando Pessoa, aniversariante de Junho

Fernando Pessoa, nasceu em 1888 no dia 13 de Junho. Sobre a sua vida e obra, eu fiz este poema, que dedico a todos os aniversariantes do mês de Junho.

Nasceu em 13 de Junho de 1888
No Largo de S. Carlos em Lisboa
Foi poeta, escritor e jornalista
De seu nome, Fernando Pessoa

Viveu e estudou na África do Sul
Onde teve uma educação inglesa
Defendeu a sua Pátria de sempre
A sua amada, língua portuguesa

Conheceu pessoas importantes
E teve delas boas lembranças
Mas o melhor que há no mundo
O melhor? São as crianças !

Nunca casou, não teve filhos
Mas nunca conheceu a solidão
Ele criou uma grande família
Todos filhos da sua imaginação

Alberto Caeiro, Álvaro Campos
São alguns filhos da sua pena
Um homem é sempre grande
Quando a alma, não é pequena

Surpreendem os seus poemas
Só comparáveis aos de Camões
Ele criou vários heterónimos
Ninguém sabe quais as razões

"Todos os dias são meus
Do nascer até ao morrer"
Dos 47 anos que ele viveu
Ainda há muito por saber

Fez da bebida sua companheira
Porque se julgava mais forte
Mas a bebida é má conselheira
Em vez de vida, deu-lhe a morte

Parabéns aos aniversariantes
Do mês dos Santos Populares
Mês de Junho, um país em festa
Uma festa, em todos os lugares

domingo, 29 de maio de 2011

Poema: Viagens de negócios

Chega o bom tempo e as nossas caixas de correio enchem-se de convites para viagens a um preço aliciante, mas acompanhado duma demonstração comercial em que os participantes são convidados a comprar, é disso que fala este meu poema:

Estão na moda estas viagens
A preços baixos, um milagre !
Mas não há nada neste mundo
Que se dê... e não se pague

Passe um dia inesquecível
Viajando a preços de arrasar
Vai assistir a uma demonstração
E ninguém é obrigado a comprar

Primeiro, enchem-lhe a barriga
Para ficar um pouco adormecido
E no fim da demonstração
Você, já está meio convencido

Você não queria comprar nada
Mas eles estão lá p'ró convencer
Eles não vivem só das viagens
O negócio deles mesmo,é vender

Eles usam todos os argumentos
Conforme instruções da empresa
O que você pagou pela viagem
Não paga metade da despesa

Qualquer pessoa lhes dá razão
Mesmo que esteja indecisa
Você sente que está em dívida
E compra coisas, que não precisa

Falam-lhe dos juros do banco
E do dinheiro que lá tem
Pouco rende e com a inflação
Pouco ou nada vale, amanhã

Então? não nos compra nada?
Não faça figura de forreta
Compre-nos qualquer coisa
Leve ao menos uma vaporeta

Os artigos que você comprou
Custam o dobro ou muito mais
Mas você leva prendas para todos
Prós filhos, prós netos e prós pais

Poema: Delinquência juvenil

Numa semana em que o país tomou conhecimento da violência gratuita entre jovens, este poema feito em Maio de 2009 dá um retrato da delinquência juvenil e das razões que estão por detrás. Aqui vos deixo este poema sobre o tema:

Foi tão maltratado na infância
Que só aprendeu a maltratar
Faz aquilo que lhe ensinaram
Que mais poderiamos esperar

"Tu não prestas para nada"
Disseram-lhe, era ele menino
Disseram-lhe tantas vezes isto
Que ele seguiu, esse destino

Andam zangados com o mundo
Eles não pediram para nascer
Julgam que todos lhe devem
E a ninguém querem obedecer

Estas, são crianças infelizes
Espalham à volta infelicidade
Riscam carros, partem coisas
Elas são o fruto da sociedade

Crianças criadas sem afecto
Crescendo entre jogos e TV
Imitam tudo aquilo que vêem
E depois, é aquilo que se vê

Não lhe faltam maus exemplos
Tantos, que até parece natural
Elas não fazem nada bem feito
À sua volta só vêem fazer mal

São filhos de pais ausentes
Não têm respeito a ninguém
Órfãos, filhos de pais vivos
Não reconhecem pai, nem mãe

Já provaram todos os vícios
E comeram do fruto proibido
Como não foram contrariados
Julgam que tudo é permitido

O que os pais não fizeram
Não é a escola que o fará
Que será destes meninos
Criados assim, ao Deus-dará

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Poema: Hoje ninguém quer trabalhar

Celebra-se em Maio o Dia do Drabalhador, trabalhador que quer ver o seu valor reconhecido, mas a par disso, assistimos a uma desregulação do mercado de trabalho, onde os salários baixam e só aumenta a precariedade.
Os trabalhadores têm cada vez menos razões para festejar o Dia do Trabalhador. Sobre este tema eu fiz este poema.

O trabalho já não tem valor
Só barato o querem comprar
E trabalhar só para aquecer
Já ninguém quer trabalhar

Todo o valor está no dinheiro
O trabalho foi marginalizado
Só dão valor ao trabalhador
Quando puder ser explorado

Nesta sociedade mercantilista
Tem valor, quem dinheiro tem
Por isso todos querem ser ricos
E não trabalhar para ninguém

Tudo aparece feito por encanto
Ao toque dum botão ou pedal
Quase tudo está automatizado
Já só falta o trabalho manual

Só o trabalho produz riqueza
Tudo o resto é especulação
O que cresce daqui, falta dali
A riqueza, só muda de mão

As sociedades do presente
Precisam todas da emigração
Sociedades que não têm filhos
Estão condenadas à extinção

Para manter este nível de vida
É preciso alguém para trabalhar
Mas se ninguém quer ter filhos
O nosso nível de vida, vai baixar

Vemos patrões a lamentarem-se
Não há ninguém para trabalhar
A pagarem salários de miséria
Que outra coisa seria de esperar

O tempo dos escravos acabou
O tempo, já não volta para trás
Quem quer trabalho que o pague
É preciso dar valor a quem o faz

domingo, 8 de maio de 2011

Poema : O coração é fonte de amor

O mês de Maio é o mês dedicado ao coração, que tem sido objecto de muitos poemas. Quase todos falam do coração como o símbolo do amor, sobre ele eu fiz uma abordagem diferente, mais vista pelo lado da sociedade em que vivemos.

Não vou falar do coração
Que bate entre pulmões
Que tanto bate de paixão
Como bate nas aflições

Não vou falar das doenças
Vasculares e hipertensão
Nem do colesterol elevado
Devido a má alimentação

Não vou falar do andar a pé
Exercício que tanta falta faz
Nem do álcool nem do tabaco
Que só dão, a ilusão de paz

Falo dos casamentos falhados
Que crescem cada vez mais
E das crianças que vivem sós
Em famílias mono parentais

Da emancipação feminina
Que se bate pela mudança
Que recusa a igualdade justa
E está sedenta de vingança

O homem é amado e odiado
Acusado pela desigualdade
Quando a culpa é dos poderes
Que mandam nesta sociedade

Uma sociedade sem crianças
Onde ser mãe só dá sarilhos
Que descrimina as mulheres
E tira o direito a terem filhos

Um dia teremos bebés proveta
Vendidos em supermercados
Prontos a usar e sem trabalho
Perfeitos, gordinhos já criados

A culpa de todos estes males
É a falta de amor no coração
Que não pode viver sem amor
E ninguém ama por obrigação

segunda-feira, 7 de março de 2011

Poema: A geração XXL

A rebeldia da juventude é de todos os tempos, mas em tempo de crise, ela é mais evidente. Já lhe chamaram a Geração Rasca, Geração Perdida, Geração à Rasca lhe chamam agora e vão sair à rua para exigir mais emprego e menos precariedade.
Sobre a nova geração eu fiz este poema e lhe chamei: Geração XXL.

Chamaram-lhe geração rasca
Do facilitismo e do deixa andar
Dos chumbos a matemática
Da iliteracia e abandono escolar

Geração dos Mac Donalds
E do telemóvel na escola
Da pizza e do hamburguer
Da cerveja e da Coca-Cola

Geração do telemóvel
Para jogar e para namorar
Para exibir e para divertir
Só não dá, para estudar

Geração do walkman
Da consola e do MP3
Das discotecas e concertos
Futura geração da surdez

É a geração dos graffittis
Do percing e da tatuagem
Geração da roupa de marca
Da etiqueta e da imagem

Geração dos jogos da bola
Dos desportistas de bancada
Da claque da provocação
Do insulto e da porrada

Geração dos call-centers
Do recibo verde, precário
Do contrato, a prazo certo
Sem futuro, nem horário

Geração da velocidade
Na estrada e na Internet
Dão cartas aos mais velhos
Com eles, ninguém se mete

Geração da abundância
Com gordura à flor da pele
Geração gorda e anafada
Esta é a geração, XXL

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Poema: As contas nunca batem certas

Vive o país em crise, porque as despesas são maiores do que as receitas. Cabe ao governo equilibrar as contas para que a crise passe. Para isso o governo distribui o mal pelas aldeias, aumenta impostos, corta salários e subsidios, mas não vai às causas que deram origem à crise e sem combater as causas a crise irá continuar, e as causas são conhecidas de todos. Sobre o tema eu fiz este poema

As contas nunca batem certas
Crescem sempre para mais
Na hora de apresentar contas
Elas são diferentes das iniciais

Os nossos mestres de obras
Não ficam bem neste retrato
Nas contas que eles fazem
Dois e dois, não são quatro

Levam muito tempo a fazer
Mais tempo, que o esperado
Mas são obras muito valiosas
Obras de custo acrescentado

O erro, é igual à mentira
Errar, é como quem mente
Quem erra e não tem castigo
Erra uma vez e erra sempre

Castigavam-se as crianças
Que não sabiam a tabuada
Uma reguada por cada erro
E estes? Não levam nada?

O Estado não paga a horas
Anda com as contas relaxadas
E os privados põem na conta
Os juros, das contas atrasadas

O Estado não dá o exemplo
Devia de fazer, mas não faz
Mas faz bonitos discursos
Como fazia o Frei Tomás

O Zé Povinho paga tudo
Paga o certo e paga o errado
E ainda paga juros de mora
Quando paga atrasado

Custam-nos os olhos da cara
Tantos erros, tanto deslize
Com tantas contas erradas
Nunca mais, saímos da crise

domingo, 30 de janeiro de 2011

Poema: O rei consumidor vai nú

A época de Natal e Ano Novo é uma época de grande consumo, de luxo e de ostentação. Consumir e fazer vida de rico é muito bom, mas tem um problema, é preciso dinheiro, na altura de Natal, todos se esforçam por comprar sempre mais alguma coisa, o que é incentivado pela publicidade e os comerciantes agradecem.
Mas tudo têm um custo, que tem de ser pago. Sobre o consumismo desenfreado, eu fiz este poema.

Quem sou eu? perguntei um dia
Ao meu ego mais profundo
E o ego, respondeu-me assim
Tu és o rei, és o rei do mundo

Sim, eu sou o rei do mundo
Todos têm de me obedecer
A concorrência é muito grande
E todos a mim, querem vender

Sim, eu sou o rei-consumidor
Em todo o lado, sou o primeiro
Eles sem mim, não podem viver
Precisam todos do meu dinheiro

Tu és um pobre rei-consumidor
Quer sejas homem ou mulher
Tu julgas que mandas em nós
Mas só fazes o que a gente quer

Tu julgas-te o rei do mundo
E pensas que nós somos tôlos
Quantas vezes foste enganado
Com as nossas papas e bolos

És um pobre rei-consumidor
Além de tolo, também és vaidoso
Nós dizemos-te que és o maior
Tu acreditas e ficas todo baboso

És muito exigente nas modas
Tu exiges mais e mais de nós
E nós damos-te a última moda
Que é do tempo, dos teus avós

Endividaste-te para ter tudo
Mesmo que tu não possas
E as riquezas que tu tinhas
Já não são tuas, são nossas

És um rei, mas já não mandas
Deixamos-te viver nessa ilusão
O rei do mundo é o dinheiro
E esse, está todo na nossa mão

Poema: A abstenção ganhou por maioria

Mais um acto eleitoral, desta vez para a presidência da República, nos resultados finais cresce a abstenção, há uma parte significativa de eleitores,
que por desinteresse, por preguiça ou por doença, não vai votar, número crescente, que já ultrapassa os 50% do eleitorado.
Sobre esse tema eu fiz este poema.

A abstenção é o maior partido
E tem uma força muito séria
Mas de que serve essa força
Se não tem voto na matéria?

A abstenção é um partido
Dos desiludidos e doentes
E dos muitos preguiçosos
Que estão sempre ausentes

A abstenção é em Portugal
O partido da abstinência
É o maior, mas não governa
Por falta de comparência

A ditadura prendia aqueles
Que contra ela, lutavam
Votavam todos da situação
Lá, até os mortos votavam

A abstenção é o partido
Dos vencidos desta vida
Dos que não esperam vencer
E já estão vencidos à partida

Qualquer voto na abstenção
Não é derrota, nem é vitória
É um voto na continuidade
Que nunca mudará a história

Aquele que não se identifica
Com nenhum partido às eleições
Tem o voto branco e o voto nulo
Pode votar numa dessas opções

O abstinente vive acomodado
E todo o governo lhe fica bem
Não se pode queixar do governo
Porque não votou em ninguém

Hoje que vivemos em liberdade
Como noutro tempo não havia
Se quem pode votar, não vota
Algo vai mal, nesta democracia

sábado, 22 de janeiro de 2011

Poema: Os cortes no orçamento

Começou o novo ano e em Janeiro começaram a aparecer os efeitos dos cortes no Orçamento do Estado, achei por isso oportuno, dar uma visão poética sobre o assunto.

Pelos desgovernos deste Governo
Não põe o povo, as mãos no lume
Porque quando a crise bate à porta
Quem paga, são os mesmos do costume

É assim neste mundo imperfeito
Desde a antiguidade até agora
Os pobres pagam os impostos
E os ricos, ficam sempre de fora

Começa o governo a fazer cortes
E começa logo pelo lado errado
Mais parece o papel higiénico
Que nunca corta pelo picotado

O governo talha o fato ao pobre
Talha o destino e talha o menu
Deixa o pobre, ainda mais pobre
De cinto apertado e quase nu

O governo corta em todo o lado
Mas corta sempre nos de baixo
Só não corta nas mordomias
Nos gestores que têm um tacho

Gestor prevenido vale por dois
Parte e reparte ele faz as normas
Como bom julgador a si se julga
E atribui a si, chorudas reformas

Farta-se o governo de cortar
Na despesa alheia, não na sua
Mas por mais cortes que faça
A crise não acaba, continua

Com a crise que o país tem
Nestes tempos tão mauzinhos
Já ninguém quer fazer filhos
Eles que se façam, sozinhos

Cortam no papel da fotocópia
No papel higiénico e no jornal
Com tanto corte neste país
Mudem o nome para Cor-tu-gal

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Poema: A política é de todos

Estamos em campanha eleitoral e é ocasião para falar de política, sem no entanto tomar partido por este ou por aquele partido, isso é uma opção pessoal que cabe a cada um fazer.
Mas não deixa de ser um tema interessante para reflexão, porque entendo que a política é de todos, o que não quer dizer, que todos temos de ser políticos.
Como o país não pode viver sem governantes, então que se escolham os melhores.

A política é como a chuva
Disse-me isto minha prima
Quem não se mete em política
Leva com a política em cima

Quem não sabe de política
Não sabe do governo da nação
Não se pode conduzir carros
Sem ter carta de condução

A política governa a Nação
E a todos deveria interessar
A quem não sabe de política
É que os políticos vão enganar

Por não sabermos de política
Temos os políticos que temos
Mas não interessa aos políticos
Que nós, nos interessemos

Os políticos não são imunes
Às manobras da corrupção
As tentações são enormes
Uns resistem e outros não

Os políticos são humanos
E nenhum humano é perfeito
Todos têm a fama de corruptos
Uns juntam à fama o proveito

Os políticos não são deuses
Fomos nós que os endeusámos
Não são eles que nos enganam
Fomos nós que nos enganámos

Dizer que eles são todos iguais
É pô-los todos no mesmo saco
É não ver diferença nenhuma
Entre um homem e um macaco

Votar em qualquer político
Sem o conhecer bem primeiro
É como entregar à raposa
A guarda do nosso galinheiro

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Poema: O centenário da fábrica de tachos da República

Comemorou-se no dia 5 de Outubro a Implantação da República, facto que para todos nós pertence ao passado e que a muitos diz pouco.
Por isso achei melhor apresentar o Centenário da "fábrica" que "fabrica" tachos e que chegou até aos nossos dias com todas a vicissitudes do mercado e da gestão dificil num mundo globalizado, a história da fábrica, corre paralela à história do país e por isso há grande coincidência de factos que afectam ambos. Como a "fábrica" ainda se mantêm em laboração é fácilmente reconhecida por todos nós e a todos nós diz respeito como contribuintes. Foi para comemorar o centenário da dita "fábrica" que fiz este poema.

A República fabrica tachos
Como fabricava a monarquia
Mas fábrica que gasta demais
Pode ir à falência qualquer dia

Assim aconteceu na monarquia
A Real Fábrica de tachos faliu
Houve despedimentos e tudo
Mas logo a República a abriu

Era a maior fábrica de então
Dos bons tempos antanhos
Só entrava a elite da nobreza
Como o Conde de Abranhos

Mas o bem, não dura sempre
O mercado, já não é referência
A procura é maior que a oferta
A fábrica, um dia vai à falência

E para satisfazer a procura
Abriram um série de sucursais
Institutos e empresas públicas
Já não chegam, querem mais

O Estado somos, todos nós
Ouvimos dizer tantas vezes
Cada eleitor é um pagante
Dos reais tachos portugueses

Há profissionais do tacho
Que servem a dois senhores
Voam de partido em partido
Como abelhas, entre flores

Na vida há sempre um mas
E um dia, é que vão ser elas
É fácil enganar o Zé Povinho
Mas não se engana Bruxelas

Vem aí a China endinheirada
Comprar a fábrica portuguesa
Quer lá todos os portugueses
A trabalhar, à moda chinesa

Poema: Nasceu um buraco na minha rua

Chegam as primeiras chuvas e começam a aparecer os buracos, que os carros vão alargando e alagando, quem perto deles passar distraído.
Os peões são o alvo preferido de condutores brincalhões ou distraídos, por isso cabe ao cidadão alertar as entidades competentes para taparem os ditos buracos.
O tema não tem nada de póetico, mas pode ser uma forma mais eficaz, de sensibilizar as entidades competentes. Espero que gostem.

Nasceu um buraco na minha rua
Disse logo profético ao nascer
Quando for grande quero ser
Muito importante, vocês vão ver

Quis tapar a boca ao buraco
Participei à junta, fiz o meu dever
Não o tapavam, era pequenino
Tinha ainda muito que crescer

O buraco que era pequenino
Tão pequenino que mal se via
Fez-se depressa um buracão
Cresceu da noite para o dia

Até os carros topo de gama
Abrandavam por ele ao passar
Só por cuidado, não por respeito
Não fosse o carro se estragar

Mas com o passar do tempo
Tornou-se o buraco arrogante
Via os carros passar devagar
Já se julgava muito importante

Insisti com o presidente da junta
Isso era das suas competências
Até pode haver um acidente
Precisa de tomar providências

O presidente não ligou nenhuma
Buracos? é coisa que não falta
Para quê perder o seu tempo
Porque um buraco chateia a malta

Mas um dia passou o presidente
A alta velocidade, sem atenção
Rebentou-lhe o pneu e capotou
Vieram logo jornais e televisão

Sentiu-se o buraco importante
Com tanta atenção e cuidado
E o buraco que chateava a malta
Foi logo nesse momento, tapado

domingo, 12 de setembro de 2010

Poema: Bodes expiatórios

Depois dos resultados obtidos no Mundial de Futebol, é chegada a hora do ajuste de contas, é preciso encontrar um culpado para os maus resultados obtidos.
Já fiz uma poema sobre isso, a que chamei: "O Sucesso mínimo garantido",mas como a novela continua e a procura dum bode expiatório cai sobre o treinador, acho oportuno este poema que foi escrito em Outubro de 2009.
Em plena crise económica e social, parece ser este, o problema principal do país.

Passar as culpas aos outros
Já vem de longe, do antigamente
Para acalmar a ira dos deuses
Matámos muito animal inocente

As culpas queimam como brasas
E foge das culpas, o culpado
Quem tem culpas logo as passa
Para o vizinho, que está ao lado

Quem faz o mal, defende-se
Desviando de si a atenção
Acusa quem vai a passar
Com manobras de diversão

Em pequenino aprendemos
A mentir para nos desculpar
É assim que fazem os adultos
Quando eles, se querem safar

A vida é tal e qual um jogo
Onde todos querem ganhar
Quem perde, é o pião das nicas
E sobre ele, todos vão atirar

Quem dá parte de fraco
Torna-se o bombo da festa
Todos lhe malham em cima
E fugir é a saída que resta

Para calar as vozes de protesto
Quando as coisas ficavam bravas
Arranjava-se um bode expiatório
Alguém que fosse pagar as favas

Todos têm direito à defesa
Todos devem ter advogado
Todo o homem é inocente
Até que se prove, culpado

Há sempre um bode expiatório
Muro das nossas lamentações
Onde possamos descarregar
As nossas culpas e frustrações

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Poema: Matar na estrada não é crime

Chega o Verão e aumentam o número de desastres na estrada, não são acidentes como lhe chamamos, a maioria deles não acontecem por acaso, eles são um desastre para as vítimas, eles destroem vidas e famílias.Os seus causadores, muitas vezes, continuam alheios ao mal que fizeram, e continuam a conduzir impunemente, é urgente chamar os bois pelos nomes e atribuir as responsabilidades aos causadores destes crimes, a sociedade não pode continuar a ver morrer jovens e adultos, sem que nada se faça para contrariar esse flagelo. É disso que falo no meu poema.

Matar na estrada não é crime
Mesmo de forma negligente
Matar a tiro é homicídio
Matar na estrada é acidente

Com esta dualidade de critérios
Mata-se na estrada à vontade
E há tanta condução criminosa
Confiante da sua impunidade

Se quem matasse na estrada
Passasse um tempo na prisão
No futuro teria mais cuidado
E conduzia com mais atenção

Há condutores, como há peões
Portam-se como pessoas tontas
Não tem respeito por ninguém
Mas ninguém, lhes pede contas

Há comportamentos criminosos
De homicidas em potência
Matam e continuam a conduzir
Sem problemas de consciência

Não há castigo para tal crime
A família sente-se injustiçada
Morre o morto duas vezes
E o homicida, não sofre nada

Passar na passadeira não é
Um lugar seguro para o peão
Há ali tantos atropelamentos
Que até parece, contradição

Atribuem-se tantas medalhas
Por serviços prestados à Nação
Também os maus condutores
Deviam usar uma distinção

Se acham injusta tal medida
Arranjem outro tipo de sanção
Quem matasse na estrada
Seria posto fora da circulação

Poema: Pobreza é ficar indiferente

Em tempo de crise, crescem as dificuldades e a pobreza também, é preciso despertar as consciências para o fenómeno da pobreza, ela existe e deve de ser combatida, no ano de combate à pobreza, pobreza é ficar indiferente, não basta matar a fome a quem tem fome é preciso ir às causas do fenómeno.
A pobreza é uma violação dos direitos humanos, é disso que falo neste poema, no ano Internacional de Combate à Pobreza.

São castelos sem muralhas
Os novos condomínios fechados
Têm câmaras de vigilância
Espalhadas por todos os lados

Moram lá dentro as divindades
E os adoradores do dinheiro
Sócios de anónimas sociedades
Que dominam o mundo inteiro

Mas o dinheiro não tem pátria
Corre, não pára um momento
Para satisfazer a sede de lucro
E para rentabilizar o investimento

As empresas têm de ter lucros
A injustiça está na distribuição
A maioria recebe muito pouco
Poucos, recebem a parte de leão

Com tanta riqueza acumulada
Cresce a pobreza e desigualdade
Mas os ricos não se importam
Com a pobreza na sociedade

E para acalmar as consciências
Dizem que pobreza é tradição
E não se mostram incomodados
Com aqueles que não têm pão

Vivem fechados a sete chaves
E viajam em carros blindados
O medo, refugia-se em castelos
Dos novos condomínios fechados

Fecham-se portas e janelas
E fecham-se as consciências
Não há olhos, nem há ouvidos
Para as gritantes, carências

Pobreza, é ficarmos indiferentes
À pobreza, que há à nossa volta
É assistir a tudo, sem fazer nada
E não sentir cá dentro, a revolta

Poema: a minha poesia não é minha

Não é muito costume os poetas falarem da sua poesia. Cabe aos outros falarem dela, mas como há muitos leitores que insistem em chamar-me poeta e a porem-me nos píncaros da lua.
Eu estou apenas a aprender, eu escrevo para os outros, sou um poeta livre, não uso regras nos poemas, para mim o mais importante é a mensagem que quero transmitir. Neste poema eu falo do que entendo por poesia e como ela deve de ser, sem desprimor para outras formas de poesia, que respeito.
Serão sempre os outros a avaliar a valia dos meus poemas, neste poema eu falo disso mesmo.

A minha poesia não é minha
É de quem, quiser ler e escutar
É uma sombra que se oferece
A quem perto dela, se abeirar

Quando o poema tem valor
Não deixa ninguém indiferente
Poema é luz que alumia todos
E tem de mexer com a gente

É como a chuva bem chovida
E não, como chuva de enxurrada
Que arrasta tudo e tudo arrasa
Mas a terra, não absorve nada

O poema não é um labirinto
Onde não sabemos a saída
O poema deve falar claro
Deve de dar, sentido à vida

A poesia não é um código
Que poucos sabem entender
Eu escrevo poesia para todos
Poesia fácil de compreender

Não digo poemas por dizer
Quem fala, quer ser ouvido
Só as conversas de surdos
Não fazem qualquer sentido

O poema é como água corrente
Que se oferece a quem passar
Não é água em poço profundo
Onde poucos, lá podem chegar

Não faço poemas para mim
São para quem os quiser ler
Falo do que interessa a todos
E para todos, estou a escrever

Não quero fazer poemas à pressa
Com pressa de ver obra acabada
Pior que não fazer nada, é fazer
Poemas que não nos dizem nada

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Poema: Este fogo que nos consome

Falar de Verão é falar de calor e de fogos, que chegam todos os anos, com o calor do Verão e destroiem parte da nossa riqueza florestal e são motivo de notícia que enchem os nossos jornais?
Parece uma fatalidade imparável, não haverá forma de travar este flagelo?
É sobre os fogos que trato neste poema.


Este fogo que nos consome
Logo que começa o Verão
São o casamento infeliz
Do desleixo e desorganização

Tanto esforço, tanta canseira
Dos bombeiros para nada
De que serve trancar a porta
Depois da casa arrombada?

As matas, não são limpas
Os donos não querem saber
As aflições vêm depois
Quando, não há nada a fazer

Todos os anos se repete
Este nosso triste fado
Este ano, vai arder o resto
Que sobrou do ano passado

Construir dentro das matas
Ou junto das areias do mar
É pela imprudência de alguns
Que vamos todos, ter de pagar

Qualquer fumador sem pensar
No mal que pode fazer
Deita um cigarro mal apagado
E põe uma floresta a arder

No Verão há festas e há fogos
Há foguetes a anunciar a festa
Tocam os bombeiros aflitos
Começou a arder a floresta

E até há quem ponha fogo
Para ter espectáculo para ver
Corre o povo numa aflição
É bonito...deixa arder!

Andamos há tantos anos nisto
Mas ninguém quer aprender
Que o melhor combate ao fogo
Faz-se, antes de começar a arder

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Poema: Há só uma Terra

O ambiente é cada vez um tema mais actual e inquieta-nos a todos, mas mais do que o medo que isso pode despertar, ele deve, despertar as consciências e levar-nos a fazer alguma coisa. A Terra é a nossa casa, a destruição do nosso habitat põe em perigo a existência da humanidade é dever de todos dar as mãos para resolver este urgente problema, e não adianta escondê-lo, as consequências são cada vez mais evidentes, é tempo de agir. Foi a pensar nisso que eu fiz este poema.

Deus fez do mundo um paraíso
E à sua imagem criou o homem
E os homens criaram a poluição
À imagem daquilo que consomem

Um mal repetido, todos os dias
Cresce, aumenta e perdura
Mas tudo se paga neste mundo
É tempo de pagarmos a factura

Em nome da liberdade, de fazer
Fizemos,o que nos deu na gana
Como sendo donos do mundo
Mas a verdade,nunca se engana

Poluímos o ar, o solo, os rios
E fizemo-lo inconscientemente
Convencidos que este paraíso
Durava toda a vida, eternamente

As alterações climáticas não são
Invenções de coca-bichinhos
São hoje uma dura realidade
Para ver se abrimos os olhinhos

Vão dizer em toda a parte
Escrevam em letras garrafais
A poluição está a matar-nos
Digam isto em todos os jornais

Deram-nos futebol e telenovelas
Fizeram tudo para nos entreter
O mal não está nas telenovelas
Mas naquilo que andam a esconder

São motores desta sociedade
O lucro, o poder e a abastança
São os 3 cavaleiros do apocalipse
Não são, cavaleiros da esperança

Temos todos de dar as mãos
E resolver este problema global
Porque ou nos salvamos todos
Ou morremos todos deste mal