Há 40 passámos predominava a sociedade rural e de repente passamos a ser quase todos urbanos. Hoje olhamos para o passado com algum saudosismo, ao compararmos o antes e o depois. As mudanças foram tão rápidas e tão grandes, que a maior parte de nós, sente dificuldade em lidar com as novas situações, e isso torna-nos inseguros, muitas vezes desejámos voltar à segurança do passado conhecido, mas a vida da humanidade faz-se para a frente e não para trás.
As mudanças nas nossas vidas são tão rápidas, que sentimos dificuldade em acompanhá-las. É disso que fala este poema.
Ontem, cultivávamos os campos
Produzia-se mais e havia fome
Hoje, os campos não se cultivam
Há muito, e toda a gente consome
Ontem, tirávamos um curso
Que durava, para a vida inteira
Hoje, estuda-se ao longo da vida
Já não pode ser doutra maneira
Ontem, casava-se só uma vez
E divórcios, poucas vezes havia
Hoje, o casamento é a prazo
E desfaz-se, da noite para o dia
Ontem, o trabalho era de sol a sol
Só tinhamos a noite para conviver
Hoje, temos mais tempo livre
Mas passamos o tempo a correr
Ontem, passeávamos no jardim
Para ver as árvores e as flores
Hoje vamos ao shopping passear
A nossa gula de consumidores
Ontem, ninguém ficava a dever
E a palavra dada, era cumprida
Hoje, ninguém paga a ninguém
E a honra, é só coisa fingida
Ontem, fazia-se tudo bem feito
E tudo, durava uma eternidade
Hoje, faz-se para durar pouco
Tudo, é precário nesta sociedade
Ontem, havia muitos sem abrigo
Sem eira nem beira e sem comer
Hoje, juntaram-se a todos esses
Os sem tempo, sempre a correr
E amanhã como será a vida?
Como é que o futuro vai ser?
Temos tudo para viver a vida
Mas falta-nos tempo para viver.
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Sr. Silva!
ResponderEliminarGostei muito de saber que iniciou o seu Blog onde nos deixa os seus poemas. Já o tinha visitado mas não encontrei espaço para comentar. Hoje ao perceber que tinha publicado novo poema voltei e já encontrei esse espaço.
Este seu poema, é uma oportuna e perspicaz análise comparativa entre o passado não muito longínquo e o presente, onde se avolumam as contradições. Quantas vezes o “mais” de hoje, significa menos que o “pouco” do passado!
Bem vindo á blogosfera! O que escreve merece ser conhecido.
D. Maria de Jesus
ResponderEliminarSeja benvinda ao meu blogue, muito obrigado pelo comentário, Quanto à falta de espaço para comentários foi um lapso ao construi-lo, mas que agora já foi resolvido. Vou continuar a publicar mais poemas, espero fazê-lo pelo menos uma vez por semana. Volte sempre. Obrigado.
Olá,Sr. António!
ResponderEliminarParabéns pelo seu blogue.
Gostei muito!
Cordialmente,
MªTeresa Ribeiro
Bom dia, Sr. António e parabéns pelo seu blogue!
ResponderEliminarGostei muito!!
Cordialmente,
MªTeresa Ribeiro
Olá Teresa
ResponderEliminarÉ sempre um gosto, ouvir os comentários sobre os poemas que faço, é sinal de que alguém os lê. Vá aparecendo mais vezes.
Obrigado
António Silva