Muita gente pensará que tratar o tema das alcunhas não tem nada de poético.
De facto o tema em si não é poético, mas permite ver com outros olhos, aquilo que parece insignificante.
A alcunha depois da resistência inicial da vítima é interiorizada e automatizada de modo que os "alcunhados" já nem dão por ela, é por si só um fenómeno social muito persistente e acompanha a vida do alcunhado até à sua morte, passando muitas vezes de pais para filhos.
Pôr uma alcunha a alguém
É como pôr uma tatuagem
Quer nós queiramos ou não
Ela muda a nossa imagem
A alcunha é-nos imposta
Só a tatuagem é consentida
Uma vez, a alcunha posta
É para o resto da nossa vida
A alcunha é democrática
Tem a aceitação da maioria
Só o próprio nunca é ouvido
Estranha forma de democracia
A escolha da alcunha faz-se
Pela profissão ou aparência
Pode ser um tique, uma mania
Ou apenas uma deficiência
Ela faz parte da identidade
Duma terra e duma região
Passa de pais para filhos
Ela faz parte da tradição
Zé Maluco, não tem juízo
Zé Barbeiro corta cabelo
Zé Mudo, não diz nada
E Zé Careca, não tem pêlo
Tira-picos, Tira-dentes, Tira-olhos
Batata, Batatinha, Batateiro
Mata-burros, Mata-cães, Mata-gatos
Pé-de-chumbo, Pé-de-vento, Pé ligeiro
Muitos políticos são vítimas
Da chacota desta atoarda
Se não podes bater no burro
Bate com força na albarda
Põem-se alcunhas por gozo
Ou simplesmente por pirraça
Todos acham graça à alcunha
Só a vítima...não acha graça
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
É verdade! As alcunhas agarram-se às pessoas e não mais as largam, chegando a transformar-se com o tempo, em sobrenomes de família. Conheço situações dessas, no Alentejo, onde o pôr alcunhas era (não sei se ainda é) muito frequente.
ResponderEliminarPeço desculpa de só agora repsonder, mas ao fazer uma revista ao blogue descobri que não tinha respondido. Quanto ao seu comentário, efectivamente existem regiões onde as alcunhas fazem carreira e não há quase ninguém a quem não ponham um rabo de palha e acabam por ser um segundo nome que afinal é o mais conhecido.
EliminarObrigado pelo seu comentário e escreva sempre
Saudações amigas
António Silva