domingo, 20 de junho de 2010

Poema - O sucesso mínimo garantido

Depois de ter visto o empate da selecção portuguesa de futebol no Mundial, ocorreu-me fazer este poema, onde vou falar das fragilidades, onde assenta a nossa esperança em êxitos, que nos farão felizes para sempre.
Ora é aí que bate o ponto, nós estamos convencidos que tudo é simples e tudo se realizará conforme os nossos desejos, e que as nossas falhas serão resolvidas com o nacional-porreirismo de sempre, mas uma coisa é dizer e outra é fazer, é disso que eu falo neste poema.

Somos os melhores do mundo
Porque a malta é desenrascada
Nós, exigimos tudo dos outros
Mas de nós, não exigimos nada

Com o nosso desenrascanço
Ninguém nos pode ganhar
Desenrasca-se o enrascado
Porque se deixou enrascar

Neste reino de mediocridade
Quem faz bem, é quem faz mal
A balda é a causa do insuceso
Que nós temos em Portugal

Somos avessos à organização
De que este país, é o espelho
Passamos a vida a atamancar
E fazer coisas, em cima do joelho

Perdemos tempo a fazer leis
Que ninguém, vai cumprir
É como apregoar a verdade
Onde todos andam a mentir

Sabemos que errar é humano
Mas insistir no erro, é burrice
É ver o erro, e não fazer nada
Como se o erro, não existisse

Não somos um povo falhado
Temos de parar para pensar
Porque se há algo de errado
Temos o dever do emendar

Deitamos foguetes antes da festa
Como se fossem favas contadas
Contamos com o ovo, na galinha
E depois, as contas saem furadas

Mas se não mudarmos de atitude
Temos o futuro comprometido
Não arranjem mais desculpas
O sucesso mínimo, está garantido

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Poema: Carta a Santo António

Estamos no mês dos Santos Populares e um pouco por todo o país há festejos em sua homenagem. No ano de 2008 eu escrevi esta Carta a Santo António em que relato os assuntos dessa época, que continuam presentes nos dias de hoje e muitos deles são alvo de polémica, dada a situação financeira do país.

Santo António de Lisboa
Tu nem sabes o que vai nela
Vão fazer um novo aeroporto
E acabar, com a Portela

Uns, querem-no na Ota
E outros, em Alcochete
Para ficarem perto de casa
Para pouparem no bilhete

Também vão fazer um TGV
Para o país andar mais veloz
Para irmos todos mais depressa
Comprar caramelos em Badajoz

Vão fazer uma nova ponte
Mas já vieram vozes a terreiro
Uns querem a ponte p'ró Montijo
E outros querem p'ró Barreiro

Santo António de Lisboa
A tua cidade está diferente
Fazem cada vez mais casas
E cada vez, tem menos gente

Vão fazer estas obras todas
Para ligar o país à CEE
Metade da conta, pagam eles
E a outra metade, paga o Zé

Já levámos o Metro a S.Apolónia
Para a rede, não ficar manca
Com o dinheiro que gastámos
Levávamos o Metro a Vila Franca

Mas se as contas derraparem
Como noutras vezes aconteceu
Desta vez, nós não pagamos
Mandamos a conta para o céu

Oh meu Santo António
Oh meu Santo milagreiro
Diz lá como é que a gente
Vai arranjar tanto dinheiro!

Poema: A selecção dos outros

É tempo do Mundial de futebol e não se fala noutra coisa, senão na nossa Selecção. Mas não é dessa selecção, que eu vou falar, mas sim doutras selecções, de que não se fala e que nos fazem ao longo da vida e que muitas vezes trazem conflitos no relacionamento interpessoal, é dessa selecção que eu falo neste poema.

Não falo da selecção de futebol
Que é de todas a mais conhecida
Vou falar de outras selecções
Que nos fazem ao longo da vida

Nós temos dificuldade em lidar
Com o que é novo e diferente
E precisamos de pôr um rótulo
Para identificar toda a gente

Se aparecemos num lugar
E vamos lá pela primeira vez
Ouvimos vozes a cochichar
E olhares inquiridores de viés

Esperam as moças casadoiras
Pelo seu príncipe encantado
Perguntam excitadas, quem é?
Com seu ar desinteressado

Os políticos influentes da terra
Também eles querem saber
Se é nosso ou da oposição
Para saberem, como proceder

Até as beatas, com seu ar sisudo
Vão saber do recém-chegado
Será temente a Deus? ou não?
Ou será um Belzebu disfarçado?

É assim ao longo de toda vida
Onde quer, que nós vamos ter
Somos logo avaliados e rotulados
Para todas as dúvidas desfazer

É desta maneira que começa
Toda a sorte de discriminações
Que assentam quase sempre
Na ignorância e em suposições

Mas se ainda não temos rótulo
E se persistem dúvidas gerais
Vasculham-nos a vida toda
Porque, querem saber mais

domingo, 30 de maio de 2010

Poema: Os salvadores do mundo

É em tempos de crise, que aparecem mais profetas e salvadores, é como se estivessem à espera do momento para aparecerem, mas é também, quando eles são mais escutados e desejados.
Mas eles não são deuses, são humanos, mas prometem muitas vezes, mais do que podem fazer.
Muitas pessoas, vêem neles os Messias e esperam deles demasiado, acabando muitas vezes desiludidos com as suas promessas. Mas como em tudo na vida, é preciso ver claro, para não cair em enganos. É sobre os salvadores do mundo que vou falar neste poema.

O mundo está cheio de profetas
Salvadores da pátria e do mundo
Prometem salvar a humanidade
Tudo muito rápido,num segundo

São homens, não são deuses
Fazem da salvação o seu lema
Querem salvar o mundo todo
Rápido, como se faz no cinema

Fazem da palavra uma espada
Que nos há-de levar à salvação
Palavra sem acção, é só teoria
E só teoria, nunca fez revolução

Prometem salvar a Pátria
E até salvar o mundo todo
Que este mundo não presta
Está a afundar-se em lodo

Havia dois regimes diferentes
Cada um, a puxar para seu lado
Um regime, já foi à falência
E o outro, está muito arruinado

Quiseram fazer um Paraíso
Fechado como um convento
E contra a vontade do povo
Meteram o povo, lá dentro

Cristo, Maomé e Abraão
Hitler, Estaline e Salazar
Todos vieram ao mundo
Com a missão do salvar

E em nome da igualdade
Criaram desigualdade maior
Os ricos, ficaram mais ricos
E os pobres ficaram ainda pior

Quando eu vim a este mundo
Já tudo fora dito para o salvar
Aquilo que falta mesmo fazer
É deitar mãos à obra e trabalhar

Poema: A crise dum modo de vida insustentável

Fala-se hoje, muito de crise e das dificuldades que temos para a ultrapassar.
Mas o que é uma crise?
As crises são desajustamentos entre o que se fez e o que se deveria ter feito. Quando crescemos, as roupas ficam curtas e isso obriga-nos a fazer ajustamentos que implicam mais despesas e também mais sacrifícios, são as crises de crescimento.
Mas no caso da crise económica que atravessamos, ela foi devida a erros cometidos por alguns e que atingem a todos, foram feitas coisas que não deveriam de ter sido feitas e que não podem continuar a ser feitas.
Não vou aqui falar dos culpados, isso será abordado num outro poema. Agora temos de corrigir esses erros e tornar o nosso modo de vida mais sustentável. Foi essa abordagem que quis fazer neste poema.


Erros meus, má fortuna
Ou má cabeça simplesmente
Fizemos vidas impossíveis
Que a vida, não consente

Ninguém pode dar o salto
Maior, que a perna que tem
Não se pode gastar tudo hoje
Pode fazer falta, amanhã

Quem não tem asas para voar
Só deveria de andar a pé
Porque todos querem ser iguais
Mas a vida mostra, que não é

Navegámos na crista da onda
Parecia dinheiro em caixa
Mas a vida, tal como a maré
Umas vezes sobe e outras baixa

Provámos todos os excessos
Com o entusiasmo duma criança
Julgámos ter o mundo na mão
Mas a vida, é feita de mudança

Vivêmos tempos de abundância
Tivemos o que nunca tivemos
Fizemos o que não devíamos
E o que devíamos, não fizemos

Não respeitámos os limites
Atrás da felicidade prometida
Sonhámos demasiado alto
E esquecemos a própria vida

O que importa não é a queda
Há que levantar e prosseguir
Dar passos certos e seguros
Para não voltarmos a cair

Agora para enfrentar a crise
Ninguém perca a esperança
Vamos começar tudo de novo
Como nos tempos de criança

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Poema: Moto 4 o todo-o-terreno dos pobrezinhos

Quem gosta de passear pelos campos, é muitas surpreendido pela aparição inesperada de grupos barulhentos de motos e motos 4, vindos não se sabe bem donde, impossível de passarem despercebidos de tão barulhentos que são e que deixam um rasto de destruição nos caminhos à sua passagem e da perturbação que fazem naqueles que procuram no campo um pouco de sossego.
Infelizmente parece ser mais uma moda que veio para ficar.
Apesar dos alertas dos ambientalistas, para a necessidade de reduzir os gases de efeito de estufa, nada trava estes novos cavaleiros do Apocalipse.
Foi a pensar neste fenómeno que eu fiz este poema.

No Portugal dos pobrezinhos
Quem não tem cão, caça com gato
Quem tem dinheiro, anda de jipe
Quem não tem, anda de moto 4

Fujam que vêm aí os bárbaros
Atravessando muros e valados
De moto, jipe e moto quatro
Vêm, mas não são desejados

Vêm em grupos barulhentos
Cavalgando demónios à solta
Eles deixam nos camponeses
Muitos sentimentos de revolta

Passam como cães raivosos
Rosnando por vinha vindimada
Destroem caminhos e campos
De bom, eles não trazem nada

Roncam motores pelas serras
Montes e vales do meu país
Poluição e alterações climáticas
Isto para eles, nada lhes diz

Não respeitam a Natureza
Embora digam dela gostar
Aqueles que amam a Natureza
Vêm de bicicleta ou a caminhar

Quem ama a Natureza
Não assusta os animais
Não destrói seus habitats
Com visitas prejudiciais

Venham a pé ou de bicicleta
Venham apreciar a Natureza
Venham respirar o ar puro
O silêncio e a sua beleza

Eles não sabem, nem sonham
O mal que à Natureza fazem
Deixam um rasto de destruição
Eles estão a mais, na paisagem

sábado, 8 de maio de 2010

Poema: Corpo presente, espírito ausente

Esta sociedade em que vivemos, super individualista, está a criar novos tipos de pessoas, que até aqui eu não tinha visto. A sociedade tornou-se tão competitiva e violenta, que as pessoas tentam evadir dela e assim, no seu dia-a dia, elas vão criando um casulo, um mundo à parte, onde só elas tem lugar.
Isto é a negação da essência do ser humano. O ser humano é um ser eminentemente social e só em sociedade pode sobreviver, por isso comportamentos destes, não fazem sentido à luz desse princípio, é sobre isso, que eu falo neste poema.

Caminham sós pelas ruas
A nosso lado, à nossa frente
São corpos de carne e osso
Mas têm o espírito ausente

Vivem em grandes cidades
Nos seus mundos imaginários
As cidades estão cheias
Destes indivíduos solitários

São homens e mulheres
Jovens de ouvidos tapados
Quem são? Para onde vão?
Estarão perdidos ou achados?

Viajam de metro e autocarro
De auscultadores nos ouvidos
Ouvem música celestial
Parece que andam perdidos

Tamborilam os dedos
Marcam ritmos invisíveis
Riem-se de coisa nenhuma
E caminham, insensíveis

Dirigem-se para o Além
Andam e falam sozinhos
Riem-se para ninguém
Parecem mesmo tolinhos

Vivem num mundo pequenino
Onde não cabe mais ninguém
Como vieram a este mundo?
Tiveram pai? Tiveram mãe?

No seu andar sonâmbulo
Olham sem ver ninguém
Vão agarrados ao telemóvel
Estão a falar para o Além

Passam por nós nas ruas
Num alheamento profundo
Parecem viver nas nuvens
Não pertencem a este mundo

domingo, 2 de maio de 2010

Poema: Que qualidade de vida é esta?

Quando o homem ultrapassa o limiar da sobrevivência, quando estão assegurados os níveis mínimos aceitáveis para uma vida condigna. O homem começa a questionar outros parâmetros como a qualidade de vida. É que não basta viver, é preciso que essa vida tenha qualidade, para isso, temos de parar para pensar que qualidade de vida temos no nosso dia-a-dia. É isso que eu procuro reflectir neste poema.


Trabalhas de dia e de noite
Para satisfazer a ânsia do ter
Que ganhaste tu com isso?
Já conseguiste enriquecer?

És um escravo do trabalho
Vives uma vida stressada
Cultura, afectos e convívio
Não tens tempo para nada

Vêm as férias, é um descanso
Depois do ano inteiro a trabalhar
Mas tu não sais, ficas em casa
O dinheiro, não dá para passear

Déstes coisas, em vez de afectos
Teus filhos, já têm coisas a mais
Que ganhaste tu com isso?
Amanhã, eles vão amar-te mais?

Compraste um carro mais caro
Para andares mais depressa
Que ganhaste tu com isso?
Já deixaste de andar à pressa?

Também compraste uma casa
Em vez de uma casa de arrendar
Que ganhaste tu com isso?
Trabalhar toda a vida p'rá pagar

Podia ser uma casa de renda
Onde tu te sentisses bem nela
Tens uma casa só para dormir
Passas todo o tempo fora dela

Prometeram-te qualidade de vida
Tu acredistaste que era verdade
Que qualidade de vida é esta?
Viver uma vida sem qualidade

Todo o sistema está montado
Para que não te possas libertar
Aquilo que te dão com uma mão
Com a outra mão, te o vão tirar

Poema: Vivemos uma vida de enganos

Parece um paradoxo, mas muitas das nossas convicções, assentam em crenças, mitos, ou aparências que estão longe da verdade. Há mesmo pesoas autoconvencidas serem donas da verdade, e assim vivem convencidas. Porque como diz o ditado que nem tudo o que brilha é ouro, também na nossa vida nem tudo o que pensamos que é, realmente é. Acerca disso eu fiz este poema.

Vivemos uma vida de enganos
Segundo o nosso parecer
As coisas não são, o que são
São aquilo, que parecem ser

Enganam-se os gulosos
Com papas e com bolos
Só para encherem a barriga
Até fazem figura de tolos

Há quem diga que os favores
Não custam nada, é uma ilusão
Os favores pagam-se toda a vida
Os favores, custam um dinheirão

O hipócrita tem duas caras
Para agradar a toda a gente
Hoje, diz uma coisa por trás
Amanhã, diz outra pela frente

O mentiroso é um fingidor
Mente e jura pela alma da mãe
Até dá a sua palavra de honra
Da honra, que ele não tem

Conta o Vigário que vai perder
Tudo o que o Otário, pode ganhar
Perde o Otário, porque acredita
Que o Vigário, se deixa enganar

Quem exige tão pouco de si
Não devia de levantar a voz
Quando exigimos tudo dos outros
Deveríamos começar, por nós

O reconhecimento é um espelho
Onde vemos a nossa imagem
Todos querem ser reconhecidos
Ninguém quer ficar à margem

Mas quantas guerras se travam
Em nome da justiça e da razão
Quantos interesses se escondem
Por detrás duma boa intenção?

Poema: O sonho da paz universal

É de todos os tempos este desejo de paz universal, contudo toda a história do homem é marcada por uma sucessão de guerras sem fim. Há quem pense, que sempre assim foi e que sempre assim será, mas isto não será derrotismo e falta de empenho na procura de melhores formas de convivência entre os povos? Para todos os que acreditam, que um novo mundo é possível, eu escrevi este poema.

A paz universal é um sonho
Dos homens de boa vontade
Mas ainda há quem discorde
Desse sonho da humanidade

Mesmo as próprias religiões
Que apregoam a paz e o amor
Tiveram ao longo da sua história
Períodos de fanatismo e terror

E até no mundo animal
Há cenas de grande violência
É a evolução das espécies
Na luta pela sobrevivência

Uma sociedade que endeusa
O dinheiro como rei e senhor
Está longe de ser um paraíso
Onde se vive em paz e amor

A sociedade que vive do lucro
E que promove a competição
Não é uma sociedade de paz
Aquela onde se luta pelo pão

Dizer que sempre foi assim
E que não há nada a fazer
É concordar com as injustiças
E fechar os olhos, para não ver

O mal de uns é o bem de outros
Ouvimos dizer em vários tons
Mas o que mais choca nisto tudo
É o silêncio dos homens bons

Quem faz a guerra, não tem paz
Que a paz, não se faz com guerra
Mas com cooperação e amizade
Com todos os povos da Terra

A paz universal não pode ser
Uma coisa distante e inacessível
Mas a esperança de acreditar
Que um mundo novo é possível

Poema: Abril é mês da Primavera

Quando chega a Primavera, toda a Natureza desperta do sono de Inverno, dos dias frios e escuros e tudo ganha nova vida com a luz do sol.
E isso tanto acontece no reino vegetal, como no reino animal, todos ganham uma vida nova. Foi para falar da Primavera que escrevi este poema.

Abril é mês da Primavera
Começa a natureza a despertar
E desperta em nós a alegria
Duma nova vida a começar

Chovem águas mil, em Abril
Há mil esperanças em cada olhar
São promessas de amor novo
Nos nossos corações a palpitar

Voam andorinhas numa pressa
Porque têm pressa de chegar
Levam e trazem cartas de amor
Que o amor, não pode esperar

É um regalo ver os campos
Enchem-se os olhos de cor
Passarinhos cantam melodias
Que são um hino ao amor

E os campos mais parecem
Lindos tapetes abertos no chão
Para deixar passar o meu amor
Amor, que eu trago no coração

E junto às águas dos ribeiros
Canta enamorado o rouxinol
Ele canta canções de amor
Do pôr até ao nascer do sol

Estão bonitas as searas
E prometem ano de fartura
Para compensar o lavrador
Do seu trabalho de vida dura

A natureza no mês de Abril
Faz o milagre da criação
Enche os campos de flores
E de amor o meu coração

Abram as portas e janelas
Deixem entrar a Primavera
Rejuvenesçam os corações
E o amor, volta ser como era

domingo, 25 de abril de 2010

Poema: Minorias, preconceito e tradição

Volta e meia vem a lume os problemas ligados às minorias, que apesar de o serem, existem, quer gostemos ou não delas, elas aí estão, são realidades que não se podem esconder. Mas as reações que vemos, são quase sempre filhas do desconhecimento geradoras de intolerâncias e então, agitam-se os medos, clama-se pela tradição e o preconceito levanta muros mentais, para descanso das nossas consciências. Sobre as minorias eu fiz este poema.

A hipocrisia e o preconceito
Vivem agarrados à tradição
São geradores de intolerância
Condenam uns, e outros não

Só as maiorias aprovam as leis
Elas representam a normalidade
Decidem da vida das minorias
Que estão sujeitas à sua vontade

Todos os cidadãos são iguais
Perante a lei da Constituição
Não podem ser discriminados
Pela raça, sexo ou religião

Há 50 anos muitas mulheres
Foram atiradas para a lama
Por terem ido antes de tempo
Com os namorados p'ra cama

O preconceito as condenou
Atirou-as para a prostituição
Até as familias as empurraram
Não lhes deram a salvação

Se o preconceito mandasse
Como nesse tempo mandava
Aquilo que vemos hoje por aí
Poucas ou nenhuma escapava

São faces da mesma moeda
Os dois actores da prostituição
O preconceito condena um
Mas por hipocrisia, o outro não

O casamento do mesmo sexo
Apenas aos dois diz respeito
Mas a maioria continua agarrada
À tradição e ao preconceito

Esta realidade não é de hoje
Vem do princípio da humanidade
Não é por fecharmos os olhos
Que deixa de ser uma realidade

terça-feira, 20 de abril de 2010

Poema: Eugénio Salvador, aniversariante de Março

Eugénio Salvador foi um exemplo de dedicação ao teatro, ele representou até morrer, pena é, que os amantes do teatro o tivessem esquecido tão rapidamente, pois ele era figura sempre presente nas revistas do Parque Mayer, tinha o papel de compére, mas nunca foi um actor popular, como António Silva ou Vasco Santana, talvez porque não tenha entrado nos filmes que eles entraram. Aqui fica a evocação.

Homem de baixa estatura
No teatro ele foi grande actor
Fazia de compére nas revistas
Chamava-se Eugénio Salvador

Nasceu em Março, em Lisboa
Este grande actor, pequenino
Como Charlot e Cantinflas
Ele foi um grande dançarino

Apesar de não ser muito alto
Era homem de muita genica
Antes de trabalhar no teatro
Ele foi jogador no Benfica

Seu pai era empresário de teatro
E filho de peixe, sabe nadar
Estudou dança no Conservatório
E na revista, ele não podia faltar

Na mudança dos cenários
Vinha Salvador nos divertir
Inventava muitas anedotas
Que eram de morrer a rir

Mais de 100 revistas, ele fez
Cala o Bico e Ver ouvir e Calar
Esperteza saloia e Lisboa Nova
Em muitas outras havia de entrar

Entrou em "Mulher de Sonho"
E "Não batam mais no Zézinho"
Quando morreu ficou esquecido
Salvador merecia mais carinho

Quem não é um actor popular
O público depressa o esquece
A Câmara deu-lhe nome de rua
Pois Salvador bem o merece

Parabéns aos aniversariantes
Do mês de Março marçagão
Mês que traz a Primavera
Mas nós queremos é o Verão

domingo, 11 de abril de 2010

Poema: Camilo Castelo Branco, aniversariante de Março

Neste mês de Março, a minha homenagem vai para um aniversariante brilhante, um dos maiores romancistas portugueses, que deixou larga obra sobre a vida na sociedade desse tempo e que se chamou Camilo Castelo Branco.

Camilo Castelo Branco
Ficou órfão de pai e mãe
Nasceu em Lisboa em 1825
No mês de Março também

Eterno insatisfeito com a vida
Muitos tombos na vida deu
Criado com uma tia e uma irmã
Entre Lisboa, Vila Real e Viseu

Educado por padres de província
Leu autores clássicos e latinos
Cursou Medicina, mas fez Direito
E na boémia foi um valdevinos

Casou, com apenas 16 anos
Fruto duma precoce paixão
Teve amores tumultuosos
Foram amores de perdição

Publicou cartas nos jornais
Em linguagem desbragada
E mais duma vez lhe deram
Um enxerto de bengalada

Apaixonou-se por Ana Plácido
Em solteira e depois de casada
Entrou no seminário sem vocação
E saiu, para raptar a sua amada

Preso na Relação do Porto
Conheceu lá o Zé do Telhado
Teve 2 filhos de Ana Plácido
Com quem, fez vida de casado

Carácter instável e irrequieto
Metido sempre em sarilhos
Escrevia a ritmo alucinante
Para dar de comer aos filhos

Saúdo os aniversariantes
Do mês Março marçagão
Das manhãs frias de Inverno
E das tardes quentes de Verão

Poema: A gordura já não é formosura

Acaba o Inverno, vem a Primavera a prometer férias e praia, há uma corrida aos ginásios e às dietas, para curar os excessos do Inveno prolongado. Todos querem dar ao corpo, aquilo que gostamos de ver nos outros, porque a gordura já deixou de ser formosura, nesta sociedade da "eterna juventude" e para muitos a gordura é um sinal de velhice.
Mas não se pode ter o melhor de dois mundos, fazer o gosto à boca e fazer o gosto ao espelho, há que escolher. Mas para além das aparências, há também outra razão, ainda mais importante, que é ter saúde e ela depende em grande parte, da alimentação e do exercício, que hoje, fazemos cada vez menos.

Dantes o gordo era formoso
E a gordura era formosura
Dizíamos nós para desculpar
Quem abusava da doçura

Não se chama gordo ao gordo
Diz-se, tem excesso de peso
Ou duma forma mais elegante
É um pouco forte, ou obeso

Mas chamar forte é enganador
O que é forte é bom e durável
E quem tem excesso de peso
Não tem uma vida saudável

Na sociedade da abundância
Toda a fartura se consome
Nós somos ricos de tudo
Mas de tudo, nós temos fome

Comemos mais para matar
Esta nossa fome secular
Aquilo que se come a mais
Só serve para nos engordar

Estes novos modos de vida
Fizeram da vida o que ela é
Passamos a vida sentados
E ninguém dá um passo a pé

Quando o corpo pesa mais
Mais peso, temos de carregar
Surgem problemas na coluna
Há dores e cansaço no andar

Cresceu à volta da gordura
O grande negócio das dietas
Prometem que sem exercício
Podem ter corpos de atletas

Não quero melindrar ninguém
Cada qual come o que quer
Comer demais nunca foi bom
P´ró o homem, nem p'rá mulher

Poema: Que fizeste à liberdade?

Chegados a mais um ano, depois do 25 de Abril de 1974, apetece olhar para todos estes anos passados e fazer um balanço, do que se fez e do que ficou por fazer. Neste poema eu interrogo-me do caminho iniciado e dos desvios de rota que nos levam a um passado ou a um futuro que não queremos. É isso que transparece deste meu olhar sobre o 25 de Abril, que agora comemoramos.

Que fizeste à liberdade ?
Oh Grândola vila morena?
Que o povo da tua cidade
Já não é, quem mais ordena

Já não há amigos nas esquinas
E nos rostos, não há igualdade
Quando se instala a competição
Não há lugar à fraternidade

Que fizeste à esperança, povo?
Desse prometido lugar ao sol
Adormeceram-te a ver televisão
Com novelas e jogos de futebol

Os novos-ricos fizeram fortuna
Enriqueceram da noite pró dia
Foi o tempo do fartar vilanagem
E chamaram a isto, democracia

Promoveram os grafittis a arte
E riscaram as paredes da cidade
E em nome da democracia
Riscaram a própria liberdade

Temos dois milhões de pobres
A tradição, ainda é o que era
Aumentaram as desigualdades
E os pobres, continuam à espera

A corrupção tomou conta
De grandes e pequenos
E da nossa democracia
Resta cada vez menos

Encantado com o consumo
Tu entraste na competição
Tu nunca mais aprendes ó povo?
Que a tua força, está na união!

Não se fazem democracias
Sem a participação dos povos
Democracias sem democratas
É fazer omoletes, sem ovos

domingo, 28 de março de 2010

Poema: Ninguém rouba o leito ao rio

Passado um mês depois das cheias da Ilha da Madeira, aproveitei o tempo para reflectir sobre a tragédia. Este poema, vem em certa medida abordar a relação do homem com a Natureza. O homem tem afrontado muitas vezes as forças da Natureza, indo para além do razoável e depois a Natureza cobra o seu preço, trazendo a morte e a destruição. Os erros só são maus, se não aprendermos nada com eles.

Ninguém rouba,o leito ao rio
Porque o rio, não vai deixar
O rio cala, mas não consente
O que perdeu, ele vai buscar

Os erros pagam-se caros
Porque são becos sem saída
Eles obrigam-nos a voltar atrás
Para salvarmos a própria vida

Quem constrói em leito de cheia
Arrisca a vida, em tal ousadia
Porque o rio, não deixa impune
Quem ousou desafiá-lo um dia

Quando o rio galga a margem
Dizem que o rio enlouqueceu
E acusam o rio de selvagem
Porque foi buscar, o que é seu

Chove muito e o rio cresce
Espalha a morte e a destruição
Dizem que o rio é traiçoeiro
É um selvagem sem coração

Não se engana a Natureza
Como o homem sempre faz
Quando engana outros homens
Ele semeia a guerra e não a paz

O rio é um bem para todos
Precisamos dele para viver
Se o soubermos respeitar
Ele até nos sabe obedecer

O rio é uma fonte de vida
E até nos ensina a nadar
Mas não deixa sem castigo
Quem não o sabe respeitar

O rio rega e fertiliza os campos
Mata a sede e produz energia
E se o soubermos respeitar
Ele vive connosco em harmonia

sábado, 6 de março de 2010

Poema: Simone de Oliveira, aniversariante de Fevereiro

A minha homenagem deste mês vai para Simone de Oliveira, grande artista da canção e do teatro que nos tem encantado na sua longa carreira artística.
Não ficam esquecidas outras figuras públicas, que também fazem anos este mês, pois é minha ideia falar delas no próximo ano, mas será uma de cada vez.
Quero por isso endereçar aqui, os meus parabéns a todos aqueles que fizeram anos no mês de Fevereiro.
Parabéns!

Simone de Oliveira nasceu
Em Fevereiro, mês do Carnaval
Foi vedeta da canção ligeira
Rainha da Rádio em Portugal

Cantou "Glória glória aleluia"
E "Sempre que Lisboa canta"
Poemas de Torga e de Pessoa
E versos de Florbela Espanca

Em "Esta Lisboa que eu amo"
Cantou Música no Coração
Com a canção "Sol de Inverno"
Ganhou o Festival da Canção

Ela cantou tantas cantigas
E os seus êxitos foram tantos
Cantou "A Desfolhada"
Poema de Ary dos Santos

Cantava com tanta força
Que um dia perdeu a voz
Fez teatro e telenovelas
Para encanto de todos nós

Entrou em teatro de Revista
Quando havia revista no Parque
Simone cantou "A Banda"
Escrita pelo Chico Buarque

Simone de Oliveira é artista
Com muita garra e muito brio
No teatro de Filipe La Féria
Fez "Passa por mim no Rossio"

Fez Vila Faia e Roseira Brava
E fez o Piano Bar na televisão
Cantou e foi artista de teatro
Simone fez tudo com paixão

Parabéns aos aniversariantes
De Fevereiro, mês do Carnaval
Brinquem todos, sem exageros
Não vá alguém, levar a mal

Poema: Marco Paulo, aniversariante de Janeiro

É minha vontade prestar aqui homenagem às figuras públicas que fazem anos neste mês. Para além do apreço que eles nos merecem, eles fazem parte do nosso imaginário colectivo e marcaram de algum modo as nossas vidas.
Aqui vai a minha homenagem que é também extensível a todas as pessoas que nasceram neste mês de Janeiro.
Parabéns!

Ele nasceu no Alentejo
No concelho de Mourão
É o cantor Marco Paulo
Grande nome da canção

Foi disco de ouro e platina
De muitas das suas canções
Marco Paulo canta e encanta
E vende discos aos milhões

Canta "Ninguém, ninguém"
E a "Morena, morenita"
O "Coração maravilhoso"
E canta "Joana" e "Anita"

"Eu tenho dois amores
Que em nada são iguais "
Marco Paulo em Portugal
É o cantor que vende mais

Foi ao Festival da Canção
Com a canção "Sou tão feliz"
E canta "Nasci para cantar"
Porque o povo, assim o quis

Recebeu um disco de prata
Com o álbum "Sedução"
E com a "Flor sem nome"
Repetiu o mesmo galardão

Premiada com disco de ouro
A canção "Morena, morenita"
Voltou a bisar Disco de Ouro
A cantar a canção da "Anita"

Fez "Eu tenho dois amores"
Seu programa na televisão
Ele fez mais outro programa
Chamado "Música no Coração"

Parabéns aos aniversariantes
Cantem as Janeiras ou não
Tenham um bom Ano Novo
Com muito amor no coração

Poema: As mulheres querem-se bonitas

Neste mês de Março em que se celebra o Dia da Mulher, este poema é uma homenagem a todas as mulheres, bonitas e feias, porque todas são mulheres e devem merecer o nosso carinho.
Esta sociedade faz a apologia das mulheres mais belas, criando nas outras uma grande frustação, esta ideia tem de ser combatida e este poema, apesar de dizer que "as mulheres querem-se bonitas", tem uma palavra de apreço, para as que não tão belas e tenta desmistificar essa ideia.

Perdoem-me as mais feias
Mas a beleza é fundamental
Não devemos de comparar
Uma rosa com a flor do batatal

Perdoem-me as mais belas
Tão bonitas como actrizes
Mas nem sempre são elas
As mulheres mais felizes

Ser bela é uma grande ajuda
Mas também pode ser fatal
A beleza que atrai o bem
Também pode atrair o mal

Dois seios, bem cheios
Roliços e palpitantes
Fazem o homem atrevido
E as mulheres provocantes

Nádegas e pernas torneadas
Com seu andar ondulante
Levam o homem ao paraíso
Ali tão perto, num instante

As mulheres querem-se bonitas
Mas há também quem diga
Mulher bela é só para homens
Com mais olhos que barriga

Desenganem-se as mais belas
Que a beleza não dura sempre
E quando a velhice chegar
A decadência é mais deprimente

Não pensem as mulheres belas
Que têm todos os trunfos na mão
Porque nem sempre a beleza
Vem acompanhada pela razão

E as feias, não fiquem tristes
Que não irão ficar para tias
Desenvolvam outros dons
E não lhe faltarão, simpatias