domingo, 12 de setembro de 2010

Poema: Bodes expiatórios

Depois dos resultados obtidos no Mundial de Futebol, é chegada a hora do ajuste de contas, é preciso encontrar um culpado para os maus resultados obtidos.
Já fiz uma poema sobre isso, a que chamei: "O Sucesso mínimo garantido",mas como a novela continua e a procura dum bode expiatório cai sobre o treinador, acho oportuno este poema que foi escrito em Outubro de 2009.
Em plena crise económica e social, parece ser este, o problema principal do país.

Passar as culpas aos outros
Já vem de longe, do antigamente
Para acalmar a ira dos deuses
Matámos muito animal inocente

As culpas queimam como brasas
E foge das culpas, o culpado
Quem tem culpas logo as passa
Para o vizinho, que está ao lado

Quem faz o mal, defende-se
Desviando de si a atenção
Acusa quem vai a passar
Com manobras de diversão

Em pequenino aprendemos
A mentir para nos desculpar
É assim que fazem os adultos
Quando eles, se querem safar

A vida é tal e qual um jogo
Onde todos querem ganhar
Quem perde, é o pião das nicas
E sobre ele, todos vão atirar

Quem dá parte de fraco
Torna-se o bombo da festa
Todos lhe malham em cima
E fugir é a saída que resta

Para calar as vozes de protesto
Quando as coisas ficavam bravas
Arranjava-se um bode expiatório
Alguém que fosse pagar as favas

Todos têm direito à defesa
Todos devem ter advogado
Todo o homem é inocente
Até que se prove, culpado

Há sempre um bode expiatório
Muro das nossas lamentações
Onde possamos descarregar
As nossas culpas e frustrações