domingo, 11 de dezembro de 2011

Poema: O álcool é mau companheiro

Em época de festas, há tendência para os excessos de bebidas alcóolicas. Não são as festas o lado pior mas sim a bebida de todo o ano, que cria habituação e vícia. Sobre o álcool eu escrevi este poema:

O ÁLCOOL É MAU COMPANHEIRO

O álcool é mau companheiro
E leva-nos por caminho errado
É muito melhor andar sozinho
Que andar mal acompanhado

O álcool é uma grande ilusão
Que a todos promete felicidade
Desvia-nos do bom caminho
Para nos esconder a realidade

O álcool não é santo milagreiro
O álcool não passa duma ilusão
Diz que aquece e que refresca
O álcool é um grande charlatão

O álcool é como a maré
Que vai e vem sem parar
Promete mudar, e não muda
Vai, mas volta ao mesmo lugar

O álcool faz mal aos filhos
Como já fez mal aos pais
Ele enfraquece os fortes
E faz os fracos, ainda mais

Quem bebe demais já sabe
Que acaba por ficar borracho
O álcool torna todos iguais
Faz o nivelamento por baixo

O álcool é um mentiroso
A todos promete felicidade
O álcool é um fala-barato
Que anda longe da verdade

Quem se entrega à bebida
Perde a dignidade humana
Bebe para enganar os outros
Mas é a si, que ele engana

Quem bebe para esquecer
Não resolve problema nenhum
Aos problemas que já tem
Ele vai acrescentar, mais um

Poema: O coração é fonte de amor

Fiz este poema sobre o coração, não o coração órgão, mas o coração que ama, sobre ele eu escrevi este poema, espero que gostem.

O CORAÇÃO É FONTE DE AMOR

Não vou falar do coração
Que bate entre pulmões
Que tanto bate de paixão
Como bate nas aflições

Não vou falar das doenças
Vasculares e hipertensão
Nem do colesterol elevado
Devido a má alimentação

Não vou falar do andar a pé
Exercício que tanta falta faz
Nem do álcool nem do tabaco
Dão calma, mas não são a paz

Falo dos casamentos falhados
Que crescem cada vez mais
E das crianças que vivem sós
Em famílias mono parentais

Da emancipação feminina
Que se bate pela mudança
Mas recusa a igualdade justa
E está sedenta de vingança

O homem é amado e odiado
Acusado pela desigualdade
Quando a culpa é dos poderes
Que mandam nesta sociedade

Uma sociedade sem crianças
Onde ser mãe só dá sarilhos
Que descrimina as mulheres
A terem o direito a ter filhos

Um dia teremos bebés proveta
Vendidos em supermercados
Prontos a usar e sem trabalho
Perfeitos, gordinhos, já criados

A culpa de todos estes males
É a falta de amor no coração
Que não pode viver sem amor
E ninguém ama, por obrigação

domingo, 4 de dezembro de 2011

Poema: Eu tive um sonho lindo este Natal

Em plena época natalícia, sobre o Natal eu escrevi este poema em contra-corrente à situação económica e social do país.

Tive um sonho este Natal
Eu vi toda a humanidade
A viver um mundo de paz
Cheio de justiça e verdade

Cooperar em vez de competir
Sem invejas, em perfeita união
Vi repartir a riqueza produzida
Sem deixar ninguém sem pão

Vi os filhos a cuidar dos pais
Quando os pais, são velhinhos
Como se fossem seus filhos
Com mil atenções e carinhos

Vi o salário pagar o empenho
Que todo o empregado deve dar
E vi o patrão a repartir o lucro
Com aquele que o ajudou a criar

Vi o marido a respeitar a mulher
E a mulher a respeitar o marido
Nunca ali se fez um divórcio
Ali não há lutas sem sentido

E se alguém cai em desgraça
Acodem todos de mão cheia
Nunca ali ninguém enriqueceu
À custa da desgraça alheia

Vi na escola alunos a aprender
A serem os homens de amanhã
Professores a ensinarem regras
Dum corpo são, em mente sã

Vi todos os povos do mundo
A amarem e a proteger a Terra
A desfazerem incompreensões
Que levam à cobiça e à guerra

Já ia o sol alto, quando acordei
Deste sonho lindo, pouco real
Sonho feito de muitos desejos
Para vos oferecer, neste Natal

Poema: Centenário de Alves Redol

Nasceu em Dezembro de 1911, chamava-se Alves Redol e faria 100 anos este ano. Sobre a sua vida e obra eu fiz este poema:

Seu nome era Alves Redol
E nasceu em Vila Franca
Terra de toiros e fandango
Tradições que o povo canta

Emigrou para Angola
Tinha somente 16 anos
À procura de vida melhor
Que esta vida de enganos

Alves Redol foi o pioneiro
Do neo-realismo em Portugal
Uma nova corrente literária
Contra a ditadura nacional

Petenceu ao MUD e ao PCP
Que se opunham à ditadura
Foi censurado e foi preso
Sofreu a repressão e a tortura

Viveu no Pinhão no Douro
Que ele conheceu até à Foz
Escreveu Vinhas de Sangue
Ao povo do Douro, deu voz

Escreveu Marés e Porto Manso
A vida do povo à beira Tejo
Fanga, A Forja e Reinegros
Glória, uma aldeia do Ribatejo

Escreveu Barranco de Cegos
Sua obra-prima por excelência
E também a Barca dos 7 Lemes
Foi um escritor da resistência

Redol descreveu nos Gaibéus
A vida dos ceifeiros da Beira
E no livro Avieiros ele conta
A saga dos pescadores da Vieira

Parabéns aos aniversariantes
Deste mês de Natal pequenino
Poucas festas e poucas prendas
Porque o país, está pobrezinho

Poema: 1961, ano de todas as mudanças

50 anos depois de 1961, vamos rever esse ano e os acontecimentos e mudanças que mudaram o país.

Corria o tempo, nesse tempo
Devagar, neste nosso Portugal
Salazar aprisionou os sonhos
E parou o tempo no país rural

Nos fins dos anos cinquenta
Era a democracia ainda um mito
Delgado prometia em eleições
Salazar? Obviamente demito-o

Vieram as greves e as prisões
Terminada a farsa eleitoral
1961, ano de todas as mudanças
Ano de início da guerra colonial

Para Angola já e em força !!!
Defender a Pátria, manda Salazar
Cem mil embarcam para África
Para defender o nosso Ultramar

Aos jovens, só resta escolher
Ir à guerra, ou então emigrar
Ficam os campos ao abandono
A esperança não pode esperar

Faltam os braços nas fábricas
Mas a produção não pode parar
Saem mulheres de suas casas
Vão para as fábricas trabalhar

Mas as mulheres fora de casa
Alteram a estrutura familiar
As crianças vão para a creche
E os pais velhos, vão para o lar

Às velhas profissões caducas
Novas profissões vão dar lugar
Pronto a vestir, pronto a comer
O tempo é pouco para trabalhar

Muda o mercado de trabalho
Para não parar o progresso
E da guerra vêm mensagens
"Adeus, até ao meu regresso"

domingo, 6 de novembro de 2011

Poema: Centenário do nascimento de Manuel da Fonseca

Na passagem do centenário do seu nascimento, eu escrevi este poema dedicado à obra do escritor e poeta Manuel da Fonseca.


Manuel da Fonseca nasceu
Em Santiago do Cacém
Estudou no Liceu Camões
E em Belas Artes, também

Foi escritor e foi poeta
Mas foi romancista primeiro
Foi neo-realista e fez parte
Do grupo Novo Cancioneiro

Ele trabalhou na Indústria
No comércio e em publicidade
Participou em muitas tertúlias
Nesta Lisboa, velha cidade

Era um artista a desenhar
E com desenhos fazia pirraça
Com divertidas caricaturas
De gente famosa da nossa praça

Foi militante comunista
E lutou contra a ditadura
Foi escritor neo-realista
Este mestre da literatura

Muitos dos livros que escreveu
Tiveram o Alentejo como tema
E alguns dos seus livros
Foram adaptados ao cinema

Escreveu o Anjo no Trapézio
E um Vagabundo na Cidade
Escreveu o Fogo e as cinzas
Foi um escritor da liberdade

Escritor do neo-realismo conta
A vida dos camponeses sem pão
Em Sam Jacinto e Aldeia Nova
Cerromaior e Tempo de solidão

Parabéns aos aniversariantes
De Outubro, início da caça
Tenham muitos anos de saúde
Sempre em estado de graça

Poema: A evolução da humanidade

Em tempos de turbulência, desta crise financeira, económica, social, energética e ambiental, não podemos deixar de nos interrogar, como chegámos até aqui e olhando o passado e a nossa história, vemos que ela assenta, numa série de injustiças e barbaridades. Sobre isso eu escrevi este poema:

A EVOLUÇÃO DA HUMANIDADE

Toda a evolução das civilizações
Desde do tempo da Antiguidade
É feita de guerras e subjugações
Essa é a nossa triste realidade

Povos a conquistarem povos
Guerras feitas, tudo por cobiça
Atrás de si deixam um rasto
De devastação e de injustiça

Todo o sistema é predador
E só vive da desgraça alheia
É um poder feito de injustiça
Instável como o chão de areia

Toda a evolução dos povos
É feita pelo triunfo do mal
Que já levou a humanidade
Bem perto da destruição total

Quem tem dinheiro tem poder
Andam os dois de braço dado
O dinheiro é o dono do poder
Porque isto, anda tudo ligado

Só a evolução pela democracia
Pelo saber e pelo conhecimento
Faz a evolução sem deixar atrás
Um rasto de dor e sofrimento

Já não há valores, nem há ética
Acabaram os códigos de conduta
Vale tudo, para chegar ao poder
E pelo poder, toda a gente luta

E toda esta louca competição
Para sermos mais competitivos
Pois só o dinheiro é que nos dá
O direito, a nós estarmos vivos

A competição pelo dinheiro
É fundamental no capitalismo
Luta que já pôs a humanidade
Com um pé, à beira do abismo

Poema: Ser voluntário, é ser solidário

Em tempo de crise, é quando mais precisamos uns dos outros, para ultrapassarmos as dificuldades que enfrentamos.
Neste ano do Voluntariado, escrevi este poema, que é uma homenagem a todos aqueles, que generosamente, oferecem de si, o seu tempo e a sua atenção a ajudar os que mais precisam. Bem hajam.

O voluntário dá-se aos outros
E em troca, só espera gratidão
A dádiva vale sempre a pena
Porque é dada pelo coração

Ser voluntário é dar de nós
Bons exemplos e boa vontade
Para minorar os males alheios
E repartir com eles, felicidade

Os voluntários são mensageiros
De justiça e bem-aventurança
Eles semeiam por todo o mundo
As sementes boas da esperança

A solidão não dá felicidade
Só há felicidade partilhada
Não se pode ignorar o outro
Sozinhos, não somos nada

Não é rico, quem têm muito
Rico não é quem tem mais
A riqueza sem solidariedade
É pobre de valores espirituais

Não são santos milagreiros
Mas fazem milagres de verdade
Acreditam num mundo melhor
Pela partilha da solidariedade

O egoísmo não é virtude
De que nos possamos orgulhar
É a pobreza dos que têm muito
Mas tem tão pouco, para dar

Tudo aquilo que se desperdiça
Tudo o que não faz falta a você
Faz falta, aquele que nada tem
Não desperdice o que tem, dê

O voluntário é amigo do amigo
Ele é um amigo desinteressado
Que acredita num mundo melhor
Num mundo, por todos partilhado

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Poema: A corrida ao Ouro


Para quem vive em Portugal, já se apercebeu dum fenómeno novo, que invadiu as nossas vilas e cidades. Todos os dias abrem lojas de compra de ouro. Sobre o fenómeno eu escrevi este poema.

A CORRIDA AO OURO

Dantes chamavam-lhe penhores
Hoje, são casas de compra de ouro
Dantes só ia lá, quem precisava
Hoje, são eles a fazer o chamadouro

Compram-nos o ouro e as pratas
E compram as jóias da família
E quando o ouro, se nos acabar
Também nos compram a mobília

Depois de termos vendido o ouro
Para pagar a crise e as mordomias
Vão-se os aneis e ficam os dedos
Ficamos pobres e de mãos vazias

Com o dinheiro que o patrão paga
Nós comprámos ouro, pró segurar
Mas o ouro, tal como o dinheiro
A mão que o deu, o torna a levar

Neste Natal vai encolher o subsídio
Ficamos com metade do dinheiro
Mas as grandes fortunas não pagam
Para não fugirem p'ró estrangeiro

Aqui, só os pobres pagam a crise
Porque estão habituados a pagar
Os ricos, ficam sempre de fora
Para a pobreza, não aumentar

O patriotismo dos ricos é surdo
Não tem ouvidos para escutar
Como o dinheiro, não tem Pátria
Eles põem o dinheiro a vadiar

O dinheiro adora a boa vida
E quer crescer, sempre mais
Adora off-shores e casinos
Vive bem em paraísos fiscais

Mas nesta economia liberal
Onde o paraíso não é eterno
As promessas de felicidade
Acabam sempre no Inferno

António Silva

domingo, 4 de setembro de 2011

Poema: Bocage, aniversariante de Setembro

Aqui deixo um poema dedicado a todos os aniversariantes de Setembro e ao grande poeta Bocage, aqui presto a minha homenagem neste poema à sua vida e obra.


Nasceu em Setúbal um poeta
Não foi Camões, mas quase
Ele fazia anos em Setembro
José Maria Barbosa Bocage

Teve uma infância infeliz
Ficou órfão em pequenino
Tinha talento como poeta
O famoso, Elmano Sadino

Correu mundo e aprendeu
Na boémia as lições da vida
Ninguém sabe, se estudou
Mas tinha a lição bem sabida

Juntava-se com os amigos
Todos os dias no café Nicola
Foi redactor e foi tradutor
Andou concerteza na escola

Foi um poeta da liberdade
Criticou tudo, a toda a hora
"Liberdade onde estás?"
Diz-me: "Quem te demora?"

Na poesia erótica e satírica
Os seus versos tinham lumes
Foi preso por Pina Manique
"Por desordenar os costumes"

Criticou os poderosos e o Papa
O novo-riquismo e até a religião
Para lhe moderarem as críticas
Foi entregue à Santa Inquisição

Prenderam-no num convento
Como um leproso em lazareto
Na prisão, ainda escreveu mais
Foi pior a emenda que o soneto

Parabéns aos aniversariantes
De Setembro,mês das vindimas
Voltem a fazer anos, pró ano
Que eu volto, com mais rimas

sábado, 27 de agosto de 2011

Poema: Empatas e empecilhos

Toda a gente os viu, toda a gente os conhece, eles andam por aí, em toda a parte, e quase sempre aparecem nos sítios onde menos interessa.

Nestes tempos do corre-corre, de gente apressada, há sempre alguém que se atravessa no caminho e que tem todo o tempo do mundo, e nos olham com cara espantada, para quem anda apressado, são os empatas da nossa vida.

Sobre os empatas eu escrevi, em Março de 2010, este poema:

"Empatas e empecilhos".

Espero que gostem e comentem.


Os empatas não se demitem
Da nobre missão de estorvar
O mundo não precisa deles
Mas eles, insistem em empatar

Gostam de parar nas esquinas
Óptimo sítio para conversar
Parados no meio dos passeios
Não deixam ninguém passar

Condutores de fim-de-semana
Parece a corte do rei a passar
Levam atrás de si um cortejo
Não andam, nem deixam andar

E temos aquela gente importante
Cuja importância não transparece
Sempre pronta a dar uma opinião
Que não aquece, nem arrefece

Para não falar no Chico Esperto
Mais esperto que toda a gente
Que conhece todos os atalhos
Para nos passar à nossa frente

Os maiores são os fanfarrões
Falam falam e não fazem nada
A falar, ninguém os leva presos
Com a sua lenga-lenga, fiada

Mas o invejoso não tem rival
Não é criança nem é homem
Passa a vida inteira a invejar
O pão que os outros comem

E temos os juízes de conflitos
Que para tudo, têm solução
Resolvem problemas alheios
Mas os seus, esses? é que não

Os paspalhos e empecilhos
Andam sempre à nossa frente
Têm na vida, a nobre missão
De empatarem, toda a gente

António Silva

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Poema: Perguntas com resposta

A falta de tempo é hoje um dos maiores problemas das sociedades industrializadas, os ritmos de trabalho são cada vez mais acelerados, somos ricos de tudo, mas cada vez mais pobres de tempo, tudo em nome da competitividade.
E nós seremos mais felizes assim?
A pensar neste tema, eu escrevi este poema em Setembro de 2009. Leiam e comentem.

Porque trabalhamos à pressa ?
Comemos e dormimos à pressa
Vivemos e morremos depressa
É esta a vida que interessa?

Vendem-te um mundo de ilusões
Que vais pagar a prestações
Vives num mundo de aflições
Que a muitos, rende milhões

Porque se enchem os estádios?
Porque a escola é uma estopada?
Porque queremos ter tudo ?
Quando não podemos ter nada ?

Tu compraste um carro
E uma carta de condução
E venderam-te a ilusão
De teres o mundo na mão

Porque há cada vez mais pobres
E os ricos têm cada vez mais?
Porque os filhos dos pobres
Só herdam a pobreza dos pais ?

Porque nesta selva urbana
Cheia de perigos escondidos
Enquanto há uns que comem
Outros estão a ser comidos

Os pobres só invejam os ricos
Porque têm pobreza que sobre
Eu nunca vi nenhum rico invejar
Levar ou fazer, a vida dum pobre

Porque há mais discotecas
Do que há bibliotecas?
Porque não lê, quem sabe ler?
Porque há pessoas analfabetas?

Se houvesse mais pessoas a ler
Haveria mais gente a responder
E todas dariam as respostas
Que a muitos, não interessa saber


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Poema: Miguel Torga, aniversariante de Agosto


Aqui vai um poema em homenagem ao escritor e poeta Miguel Torga, que fazia anos em Agosto. Para todos os aniversariantes de Agosto, os meus parabéns.
Espero que o poema seja do vosso agrado.


Nasceu no mês de Agosto
Em terras de Vila Real
Em S. Martinho da Anta
No nordeste de Portugal

Era filho de família humilde
Foi dura a infância que passou
Ninguém conheceu como ele
O pão que o diabo amassou

Aos 13 anos foi para o Brasil
Onde trabalhou em várias obras
Guardou vacas e apanhou café
Foi tudo, até caçador de cobras

Trabalhou 5 anos na fazenda
Dum agricultor, parente seu
Voltou depois para Portugal
Onde tirou o curso do liceu

Formou-se médico especialista
De ouvidos, olhos e garganta
Deu consultas em várias terras
E em S. Martinho da Anta

Fixou residência em Coimbra
Terra d'amores de Pedro e Inês
Nunca ganhou o prémio Nobel
Foi proposto mais que uma vez

Conheceu a miséria do povo
Do Portugal rural e profundo
Que ele relata nos seus Diários
E no livro "A Criação do Mundo"

Torga usa as referências biblicas
Para apontar as injustiças da terra
Foi perseguido e preso pela Pide
Por denunciar os crimes da guerra

Parabéns aos aniversariantes
Que fazem anos em Agosto
Mês das cigarras e das férias
E do luar, que brilha no rosto

Poema: Heróis do mar


Mês de Agosto é mês de férias e é mês de visita dos nossos emigrantes, a pensar neles e num certo modo de estar dos portugueses, fiz este poema.
Espero que seja do vosso agrado.


Nós já fomos os heróis do mar
Mas deixámos os barcos de vez
Hoje um carro e uma estrada
Fazem o novo herói português

Anda o país todo sobre rodas
Cada um vai no seu carrinho
Que o ambiente pode esperar
Prá frente, é que é o caminho

Todo o país a andar de carro
Pois assim mesmo, é que é
Ter carro é o grande sonho
Neste país, ninguém anda a pé

Pode faltar dinheiro para tudo
Até para o colégio da menina
Mas não pode faltar o dinheiro
P'rá atestar o carro de gasolina

Vamos de carro para todo o lado
Vamos levar os meninos à escola
Vamos de carro para o trabalho
E vamos de carro, para ver a bola

Pelas férias vamos à terrinha
Caminhos velhos e carro novo
Na volta o carro faz de carrinha
Vem o carro cheio, como um ovo

Vem o português emigrante
De carro, para gozar vacanças
Como vinham as naus da India
Carregadinhos de lembranças

E lá na terra é um vai e vem
Para mostrar tanta grandeza
Esquecer um ano de trabalho
Feito de saudade e pobreza

Mês de Agosto, mês emigrante
Não pára a cigarra de cantar
Fim de férias volta a ser formiga
Para mais um ano a trabalhar



terça-feira, 14 de junho de 2011

Poema: Fernando Pessoa, aniversariante de Junho

Fernando Pessoa, nasceu em 1888 no dia 13 de Junho. Sobre a sua vida e obra, eu fiz este poema, que dedico a todos os aniversariantes do mês de Junho.

Nasceu em 13 de Junho de 1888
No Largo de S. Carlos em Lisboa
Foi poeta, escritor e jornalista
De seu nome, Fernando Pessoa

Viveu e estudou na África do Sul
Onde teve uma educação inglesa
Defendeu a sua Pátria de sempre
A sua amada, língua portuguesa

Conheceu pessoas importantes
E teve delas boas lembranças
Mas o melhor que há no mundo
O melhor? São as crianças !

Nunca casou, não teve filhos
Mas nunca conheceu a solidão
Ele criou uma grande família
Todos filhos da sua imaginação

Alberto Caeiro, Álvaro Campos
São alguns filhos da sua pena
Um homem é sempre grande
Quando a alma, não é pequena

Surpreendem os seus poemas
Só comparáveis aos de Camões
Ele criou vários heterónimos
Ninguém sabe quais as razões

"Todos os dias são meus
Do nascer até ao morrer"
Dos 47 anos que ele viveu
Ainda há muito por saber

Fez da bebida sua companheira
Porque se julgava mais forte
Mas a bebida é má conselheira
Em vez de vida, deu-lhe a morte

Parabéns aos aniversariantes
Do mês dos Santos Populares
Mês de Junho, um país em festa
Uma festa, em todos os lugares

domingo, 29 de maio de 2011

Poema: Viagens de negócios

Chega o bom tempo e as nossas caixas de correio enchem-se de convites para viagens a um preço aliciante, mas acompanhado duma demonstração comercial em que os participantes são convidados a comprar, é disso que fala este meu poema:

Estão na moda estas viagens
A preços baixos, um milagre !
Mas não há nada neste mundo
Que se dê... e não se pague

Passe um dia inesquecível
Viajando a preços de arrasar
Vai assistir a uma demonstração
E ninguém é obrigado a comprar

Primeiro, enchem-lhe a barriga
Para ficar um pouco adormecido
E no fim da demonstração
Você, já está meio convencido

Você não queria comprar nada
Mas eles estão lá p'ró convencer
Eles não vivem só das viagens
O negócio deles mesmo,é vender

Eles usam todos os argumentos
Conforme instruções da empresa
O que você pagou pela viagem
Não paga metade da despesa

Qualquer pessoa lhes dá razão
Mesmo que esteja indecisa
Você sente que está em dívida
E compra coisas, que não precisa

Falam-lhe dos juros do banco
E do dinheiro que lá tem
Pouco rende e com a inflação
Pouco ou nada vale, amanhã

Então? não nos compra nada?
Não faça figura de forreta
Compre-nos qualquer coisa
Leve ao menos uma vaporeta

Os artigos que você comprou
Custam o dobro ou muito mais
Mas você leva prendas para todos
Prós filhos, prós netos e prós pais

Poema: Delinquência juvenil

Numa semana em que o país tomou conhecimento da violência gratuita entre jovens, este poema feito em Maio de 2009 dá um retrato da delinquência juvenil e das razões que estão por detrás. Aqui vos deixo este poema sobre o tema:

Foi tão maltratado na infância
Que só aprendeu a maltratar
Faz aquilo que lhe ensinaram
Que mais poderiamos esperar

"Tu não prestas para nada"
Disseram-lhe, era ele menino
Disseram-lhe tantas vezes isto
Que ele seguiu, esse destino

Andam zangados com o mundo
Eles não pediram para nascer
Julgam que todos lhe devem
E a ninguém querem obedecer

Estas, são crianças infelizes
Espalham à volta infelicidade
Riscam carros, partem coisas
Elas são o fruto da sociedade

Crianças criadas sem afecto
Crescendo entre jogos e TV
Imitam tudo aquilo que vêem
E depois, é aquilo que se vê

Não lhe faltam maus exemplos
Tantos, que até parece natural
Elas não fazem nada bem feito
À sua volta só vêem fazer mal

São filhos de pais ausentes
Não têm respeito a ninguém
Órfãos, filhos de pais vivos
Não reconhecem pai, nem mãe

Já provaram todos os vícios
E comeram do fruto proibido
Como não foram contrariados
Julgam que tudo é permitido

O que os pais não fizeram
Não é a escola que o fará
Que será destes meninos
Criados assim, ao Deus-dará

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Poema: Hoje ninguém quer trabalhar

Celebra-se em Maio o Dia do Drabalhador, trabalhador que quer ver o seu valor reconhecido, mas a par disso, assistimos a uma desregulação do mercado de trabalho, onde os salários baixam e só aumenta a precariedade.
Os trabalhadores têm cada vez menos razões para festejar o Dia do Trabalhador. Sobre este tema eu fiz este poema.

O trabalho já não tem valor
Só barato o querem comprar
E trabalhar só para aquecer
Já ninguém quer trabalhar

Todo o valor está no dinheiro
O trabalho foi marginalizado
Só dão valor ao trabalhador
Quando puder ser explorado

Nesta sociedade mercantilista
Tem valor, quem dinheiro tem
Por isso todos querem ser ricos
E não trabalhar para ninguém

Tudo aparece feito por encanto
Ao toque dum botão ou pedal
Quase tudo está automatizado
Já só falta o trabalho manual

Só o trabalho produz riqueza
Tudo o resto é especulação
O que cresce daqui, falta dali
A riqueza, só muda de mão

As sociedades do presente
Precisam todas da emigração
Sociedades que não têm filhos
Estão condenadas à extinção

Para manter este nível de vida
É preciso alguém para trabalhar
Mas se ninguém quer ter filhos
O nosso nível de vida, vai baixar

Vemos patrões a lamentarem-se
Não há ninguém para trabalhar
A pagarem salários de miséria
Que outra coisa seria de esperar

O tempo dos escravos acabou
O tempo, já não volta para trás
Quem quer trabalho que o pague
É preciso dar valor a quem o faz

domingo, 8 de maio de 2011

Poema : O coração é fonte de amor

O mês de Maio é o mês dedicado ao coração, que tem sido objecto de muitos poemas. Quase todos falam do coração como o símbolo do amor, sobre ele eu fiz uma abordagem diferente, mais vista pelo lado da sociedade em que vivemos.

Não vou falar do coração
Que bate entre pulmões
Que tanto bate de paixão
Como bate nas aflições

Não vou falar das doenças
Vasculares e hipertensão
Nem do colesterol elevado
Devido a má alimentação

Não vou falar do andar a pé
Exercício que tanta falta faz
Nem do álcool nem do tabaco
Que só dão, a ilusão de paz

Falo dos casamentos falhados
Que crescem cada vez mais
E das crianças que vivem sós
Em famílias mono parentais

Da emancipação feminina
Que se bate pela mudança
Que recusa a igualdade justa
E está sedenta de vingança

O homem é amado e odiado
Acusado pela desigualdade
Quando a culpa é dos poderes
Que mandam nesta sociedade

Uma sociedade sem crianças
Onde ser mãe só dá sarilhos
Que descrimina as mulheres
E tira o direito a terem filhos

Um dia teremos bebés proveta
Vendidos em supermercados
Prontos a usar e sem trabalho
Perfeitos, gordinhos já criados

A culpa de todos estes males
É a falta de amor no coração
Que não pode viver sem amor
E ninguém ama por obrigação

segunda-feira, 7 de março de 2011

Poema: A geração XXL

A rebeldia da juventude é de todos os tempos, mas em tempo de crise, ela é mais evidente. Já lhe chamaram a Geração Rasca, Geração Perdida, Geração à Rasca lhe chamam agora e vão sair à rua para exigir mais emprego e menos precariedade.
Sobre a nova geração eu fiz este poema e lhe chamei: Geração XXL.

Chamaram-lhe geração rasca
Do facilitismo e do deixa andar
Dos chumbos a matemática
Da iliteracia e abandono escolar

Geração dos Mac Donalds
E do telemóvel na escola
Da pizza e do hamburguer
Da cerveja e da Coca-Cola

Geração do telemóvel
Para jogar e para namorar
Para exibir e para divertir
Só não dá, para estudar

Geração do walkman
Da consola e do MP3
Das discotecas e concertos
Futura geração da surdez

É a geração dos graffittis
Do percing e da tatuagem
Geração da roupa de marca
Da etiqueta e da imagem

Geração dos jogos da bola
Dos desportistas de bancada
Da claque da provocação
Do insulto e da porrada

Geração dos call-centers
Do recibo verde, precário
Do contrato, a prazo certo
Sem futuro, nem horário

Geração da velocidade
Na estrada e na Internet
Dão cartas aos mais velhos
Com eles, ninguém se mete

Geração da abundância
Com gordura à flor da pele
Geração gorda e anafada
Esta é a geração, XXL

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Poema: As contas nunca batem certas

Vive o país em crise, porque as despesas são maiores do que as receitas. Cabe ao governo equilibrar as contas para que a crise passe. Para isso o governo distribui o mal pelas aldeias, aumenta impostos, corta salários e subsidios, mas não vai às causas que deram origem à crise e sem combater as causas a crise irá continuar, e as causas são conhecidas de todos. Sobre o tema eu fiz este poema

As contas nunca batem certas
Crescem sempre para mais
Na hora de apresentar contas
Elas são diferentes das iniciais

Os nossos mestres de obras
Não ficam bem neste retrato
Nas contas que eles fazem
Dois e dois, não são quatro

Levam muito tempo a fazer
Mais tempo, que o esperado
Mas são obras muito valiosas
Obras de custo acrescentado

O erro, é igual à mentira
Errar, é como quem mente
Quem erra e não tem castigo
Erra uma vez e erra sempre

Castigavam-se as crianças
Que não sabiam a tabuada
Uma reguada por cada erro
E estes? Não levam nada?

O Estado não paga a horas
Anda com as contas relaxadas
E os privados põem na conta
Os juros, das contas atrasadas

O Estado não dá o exemplo
Devia de fazer, mas não faz
Mas faz bonitos discursos
Como fazia o Frei Tomás

O Zé Povinho paga tudo
Paga o certo e paga o errado
E ainda paga juros de mora
Quando paga atrasado

Custam-nos os olhos da cara
Tantos erros, tanto deslize
Com tantas contas erradas
Nunca mais, saímos da crise

domingo, 30 de janeiro de 2011

Poema: O rei consumidor vai nú

A época de Natal e Ano Novo é uma época de grande consumo, de luxo e de ostentação. Consumir e fazer vida de rico é muito bom, mas tem um problema, é preciso dinheiro, na altura de Natal, todos se esforçam por comprar sempre mais alguma coisa, o que é incentivado pela publicidade e os comerciantes agradecem.
Mas tudo têm um custo, que tem de ser pago. Sobre o consumismo desenfreado, eu fiz este poema.

Quem sou eu? perguntei um dia
Ao meu ego mais profundo
E o ego, respondeu-me assim
Tu és o rei, és o rei do mundo

Sim, eu sou o rei do mundo
Todos têm de me obedecer
A concorrência é muito grande
E todos a mim, querem vender

Sim, eu sou o rei-consumidor
Em todo o lado, sou o primeiro
Eles sem mim, não podem viver
Precisam todos do meu dinheiro

Tu és um pobre rei-consumidor
Quer sejas homem ou mulher
Tu julgas que mandas em nós
Mas só fazes o que a gente quer

Tu julgas-te o rei do mundo
E pensas que nós somos tôlos
Quantas vezes foste enganado
Com as nossas papas e bolos

És um pobre rei-consumidor
Além de tolo, também és vaidoso
Nós dizemos-te que és o maior
Tu acreditas e ficas todo baboso

És muito exigente nas modas
Tu exiges mais e mais de nós
E nós damos-te a última moda
Que é do tempo, dos teus avós

Endividaste-te para ter tudo
Mesmo que tu não possas
E as riquezas que tu tinhas
Já não são tuas, são nossas

És um rei, mas já não mandas
Deixamos-te viver nessa ilusão
O rei do mundo é o dinheiro
E esse, está todo na nossa mão

Poema: A abstenção ganhou por maioria

Mais um acto eleitoral, desta vez para a presidência da República, nos resultados finais cresce a abstenção, há uma parte significativa de eleitores,
que por desinteresse, por preguiça ou por doença, não vai votar, número crescente, que já ultrapassa os 50% do eleitorado.
Sobre esse tema eu fiz este poema.

A abstenção é o maior partido
E tem uma força muito séria
Mas de que serve essa força
Se não tem voto na matéria?

A abstenção é um partido
Dos desiludidos e doentes
E dos muitos preguiçosos
Que estão sempre ausentes

A abstenção é em Portugal
O partido da abstinência
É o maior, mas não governa
Por falta de comparência

A ditadura prendia aqueles
Que contra ela, lutavam
Votavam todos da situação
Lá, até os mortos votavam

A abstenção é o partido
Dos vencidos desta vida
Dos que não esperam vencer
E já estão vencidos à partida

Qualquer voto na abstenção
Não é derrota, nem é vitória
É um voto na continuidade
Que nunca mudará a história

Aquele que não se identifica
Com nenhum partido às eleições
Tem o voto branco e o voto nulo
Pode votar numa dessas opções

O abstinente vive acomodado
E todo o governo lhe fica bem
Não se pode queixar do governo
Porque não votou em ninguém

Hoje que vivemos em liberdade
Como noutro tempo não havia
Se quem pode votar, não vota
Algo vai mal, nesta democracia

sábado, 22 de janeiro de 2011

Poema: Os cortes no orçamento

Começou o novo ano e em Janeiro começaram a aparecer os efeitos dos cortes no Orçamento do Estado, achei por isso oportuno, dar uma visão poética sobre o assunto.

Pelos desgovernos deste Governo
Não põe o povo, as mãos no lume
Porque quando a crise bate à porta
Quem paga, são os mesmos do costume

É assim neste mundo imperfeito
Desde a antiguidade até agora
Os pobres pagam os impostos
E os ricos, ficam sempre de fora

Começa o governo a fazer cortes
E começa logo pelo lado errado
Mais parece o papel higiénico
Que nunca corta pelo picotado

O governo talha o fato ao pobre
Talha o destino e talha o menu
Deixa o pobre, ainda mais pobre
De cinto apertado e quase nu

O governo corta em todo o lado
Mas corta sempre nos de baixo
Só não corta nas mordomias
Nos gestores que têm um tacho

Gestor prevenido vale por dois
Parte e reparte ele faz as normas
Como bom julgador a si se julga
E atribui a si, chorudas reformas

Farta-se o governo de cortar
Na despesa alheia, não na sua
Mas por mais cortes que faça
A crise não acaba, continua

Com a crise que o país tem
Nestes tempos tão mauzinhos
Já ninguém quer fazer filhos
Eles que se façam, sozinhos

Cortam no papel da fotocópia
No papel higiénico e no jornal
Com tanto corte neste país
Mudem o nome para Cor-tu-gal

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Poema: A política é de todos

Estamos em campanha eleitoral e é ocasião para falar de política, sem no entanto tomar partido por este ou por aquele partido, isso é uma opção pessoal que cabe a cada um fazer.
Mas não deixa de ser um tema interessante para reflexão, porque entendo que a política é de todos, o que não quer dizer, que todos temos de ser políticos.
Como o país não pode viver sem governantes, então que se escolham os melhores.

A política é como a chuva
Disse-me isto minha prima
Quem não se mete em política
Leva com a política em cima

Quem não sabe de política
Não sabe do governo da nação
Não se pode conduzir carros
Sem ter carta de condução

A política governa a Nação
E a todos deveria interessar
A quem não sabe de política
É que os políticos vão enganar

Por não sabermos de política
Temos os políticos que temos
Mas não interessa aos políticos
Que nós, nos interessemos

Os políticos não são imunes
Às manobras da corrupção
As tentações são enormes
Uns resistem e outros não

Os políticos são humanos
E nenhum humano é perfeito
Todos têm a fama de corruptos
Uns juntam à fama o proveito

Os políticos não são deuses
Fomos nós que os endeusámos
Não são eles que nos enganam
Fomos nós que nos enganámos

Dizer que eles são todos iguais
É pô-los todos no mesmo saco
É não ver diferença nenhuma
Entre um homem e um macaco

Votar em qualquer político
Sem o conhecer bem primeiro
É como entregar à raposa
A guarda do nosso galinheiro