Toda a gente os viu, toda a gente os conhece, eles andam por aí, em toda a parte, e quase sempre aparecem nos sítios onde menos interessa.
Nestes tempos do corre-corre, de gente apressada, há sempre alguém que se atravessa no caminho e que tem todo o tempo do mundo, e nos olham com cara espantada, para quem anda apressado, são os empatas da nossa vida.
Sobre os empatas eu escrevi, em Março de 2010, este poema:
"Empatas e empecilhos".
Espero que gostem e comentem.
Os empatas não se demitem
Da nobre missão de estorvar
O mundo não precisa deles
Mas eles, insistem em empatar
Gostam de parar nas esquinas
Óptimo sítio para conversar
Parados no meio dos passeios
Não deixam ninguém passar
Condutores de fim-de-semana
Parece a corte do rei a passar
Levam atrás de si um cortejo
Não andam, nem deixam andar
E temos aquela gente importante
Cuja importância não transparece
Sempre pronta a dar uma opinião
Que não aquece, nem arrefece
Para não falar no Chico Esperto
Mais esperto que toda a gente
Que conhece todos os atalhos
Para nos passar à nossa frente
Os maiores são os fanfarrões
Falam falam e não fazem nada
A falar, ninguém os leva presos
Com a sua lenga-lenga, fiada
Mas o invejoso não tem rival
Não é criança nem é homem
Passa a vida inteira a invejar
O pão que os outros comem
E temos os juízes de conflitos
Que para tudo, têm solução
Resolvem problemas alheios
Mas os seus, esses? é que não
Os paspalhos e empecilhos
Andam sempre à nossa frente
Têm na vida, a nobre missão
De empatarem, toda a gente
António Silva
sábado, 27 de agosto de 2011
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Poema: Perguntas com resposta
A falta de tempo é hoje um dos maiores problemas das sociedades industrializadas, os ritmos de trabalho são cada vez mais acelerados, somos ricos de tudo, mas cada vez mais pobres de tempo, tudo em nome da competitividade.
E nós seremos mais felizes assim?
A pensar neste tema, eu escrevi este poema em Setembro de 2009. Leiam e comentem.
Porque trabalhamos à pressa ?
Comemos e dormimos à pressa
Vivemos e morremos depressa
É esta a vida que interessa?
Vendem-te um mundo de ilusões
Que vais pagar a prestações
Vives num mundo de aflições
Que a muitos, rende milhões
Porque se enchem os estádios?
Porque a escola é uma estopada?
Porque queremos ter tudo ?
Quando não podemos ter nada ?
Tu compraste um carro
E uma carta de condução
E venderam-te a ilusão
De teres o mundo na mão
Porque há cada vez mais pobres
E os ricos têm cada vez mais?
Porque os filhos dos pobres
Só herdam a pobreza dos pais ?
Porque nesta selva urbana
Cheia de perigos escondidos
Enquanto há uns que comem
Outros estão a ser comidos
Os pobres só invejam os ricos
Porque têm pobreza que sobre
Eu nunca vi nenhum rico invejar
Levar ou fazer, a vida dum pobre
Porque há mais discotecas
Do que há bibliotecas?
Porque não lê, quem sabe ler?
Porque há pessoas analfabetas?
Se houvesse mais pessoas a ler
Haveria mais gente a responder
E todas dariam as respostas
Que a muitos, não interessa saber
E nós seremos mais felizes assim?
A pensar neste tema, eu escrevi este poema em Setembro de 2009. Leiam e comentem.
Porque trabalhamos à pressa ?
Comemos e dormimos à pressa
Vivemos e morremos depressa
É esta a vida que interessa?
Vendem-te um mundo de ilusões
Que vais pagar a prestações
Vives num mundo de aflições
Que a muitos, rende milhões
Porque se enchem os estádios?
Porque a escola é uma estopada?
Porque queremos ter tudo ?
Quando não podemos ter nada ?
Tu compraste um carro
E uma carta de condução
E venderam-te a ilusão
De teres o mundo na mão
Porque há cada vez mais pobres
E os ricos têm cada vez mais?
Porque os filhos dos pobres
Só herdam a pobreza dos pais ?
Porque nesta selva urbana
Cheia de perigos escondidos
Enquanto há uns que comem
Outros estão a ser comidos
Os pobres só invejam os ricos
Porque têm pobreza que sobre
Eu nunca vi nenhum rico invejar
Levar ou fazer, a vida dum pobre
Porque há mais discotecas
Do que há bibliotecas?
Porque não lê, quem sabe ler?
Porque há pessoas analfabetas?
Se houvesse mais pessoas a ler
Haveria mais gente a responder
E todas dariam as respostas
Que a muitos, não interessa saber
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89-Sociedade
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Poema: Miguel Torga, aniversariante de Agosto
Aqui vai um poema em homenagem ao escritor e poeta Miguel Torga, que fazia anos em Agosto. Para todos os aniversariantes de Agosto, os meus parabéns.
Espero que o poema seja do vosso agrado.
Nasceu no mês de Agosto
Em terras de Vila Real
Em S. Martinho da Anta
No nordeste de Portugal
Era filho de família humilde
Foi dura a infância que passou
Ninguém conheceu como ele
O pão que o diabo amassou
Aos 13 anos foi para o Brasil
Onde trabalhou em várias obras
Guardou vacas e apanhou café
Foi tudo, até caçador de cobras
Trabalhou 5 anos na fazenda
Dum agricultor, parente seu
Voltou depois para Portugal
Onde tirou o curso do liceu
Formou-se médico especialista
De ouvidos, olhos e garganta
Deu consultas em várias terras
E em S. Martinho da Anta
Fixou residência em Coimbra
Terra d'amores de Pedro e Inês
Nunca ganhou o prémio Nobel
Foi proposto mais que uma vez
Conheceu a miséria do povo
Do Portugal rural e profundo
Que ele relata nos seus Diários
E no livro "A Criação do Mundo"
Torga usa as referências biblicas
Para apontar as injustiças da terra
Foi perseguido e preso pela Pide
Por denunciar os crimes da guerra
Parabéns aos aniversariantes
Que fazem anos em Agosto
Mês das cigarras e das férias
E do luar, que brilha no rosto
Etiquetas:
85-Aniversariantes
Poema: Heróis do mar
Mês de Agosto é mês de férias e é mês de visita dos nossos emigrantes, a pensar neles e num certo modo de estar dos portugueses, fiz este poema.
Espero que seja do vosso agrado.
Nós já fomos os heróis do mar
Mas deixámos os barcos de vez
Hoje um carro e uma estrada
Fazem o novo herói português
Anda o país todo sobre rodas
Cada um vai no seu carrinho
Que o ambiente pode esperar
Prá frente, é que é o caminho
Todo o país a andar de carro
Pois assim mesmo, é que é
Ter carro é o grande sonho
Neste país, ninguém anda a pé
Pode faltar dinheiro para tudo
Até para o colégio da menina
Mas não pode faltar o dinheiro
P'rá atestar o carro de gasolina
Vamos de carro para todo o lado
Vamos levar os meninos à escola
Vamos de carro para o trabalho
E vamos de carro, para ver a bola
Pelas férias vamos à terrinha
Caminhos velhos e carro novo
Na volta o carro faz de carrinha
Vem o carro cheio, como um ovo
Vem o português emigrante
De carro, para gozar vacanças
Como vinham as naus da India
Carregadinhos de lembranças
E lá na terra é um vai e vem
Para mostrar tanta grandeza
Esquecer um ano de trabalho
Feito de saudade e pobreza
Mês de Agosto, mês emigrante
Não pára a cigarra de cantar
Fim de férias volta a ser formiga
Para mais um ano a trabalhar
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157- Portugal
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