domingo, 18 de março de 2012

254-A dívida do nosso descontentamento

Não se fala noutra coisa senão na dívida e por isso também a dívida é tema de poemas, como este:

Endividaram-se os países
E endividaram-se as pessoas
Porque tinham vidas más
Mas queriam ter vidas boas

Fazer vida rica, é coisa boa
É ir à frente, ser o primeiro
Mas essa vida é muito cara
E precisa de muito dinheiro

Muitos pobres já tentaram
Essa fascinante experiência
Mas poucos enriqueceram
A maioria foi toda à falência

Ficam os pobres deslumbrados
Com a vida dos ricos e nobres
Só não sabem que, por cada rico
São precisos mais de mil pobres

As pessoas não são todas iguais
Mas a desigualdade é exagerada
Para os ricos terem vida de ricos
Os pobres têm pouco, quase nada

Não há tão grandes diferenças
Para tão grandes disparidades
E os ricos não trabalham tanto
Que justifique tais desigualdades

Tanto pobre, por cada rico
Mas a riqueza não cai do ar
Nós sabemos que a maioria
Não enriqueceu a trabalhar

Está a riqueza mal distribuída
Isso torna injusta a sociedade
E faz-nos corar de vergonha
Tanta pobreza e desigualdade

As dívidas que só uns fizeram
Trazem hoje o país descontente
Os lucros foram só para alguns
E prejuízos, para toda a gente

270-A violência doméstica existe. Porquê?

Neste mês de Março em que se celebra o Dia da Mulher, escrevi este poema que afecta muitas mulheres no mundo. Em vez de falar dos efeitos dessa violência, eu interrogo-me porque razão existe, quais as causas?

A violência doméstica existe
Vive connosco, lado a lado
Casais que se desentendem
Como acontecia no passado

Explique-me quem souber
A causa de tanta maldade
Mas que causas justificam
Tão grande barbaridade?

Insultos e desentendimentos
E tanta discussão irracional
Será teimosia ou mau feitio
Mas onde é que está o mal?

Se toda a sociedade é violenta
Também é violento o nosso viver
Onde o sonho de todos é poder
Trabalhar, consumir ou morrer

Será devido ao desemprego?
Aos trabalhos mal remunerados
Às longas viagens casa-emprego
Ou aos transportes superlotados

Vidas de luta e competição
Em guerras permanentes
Filhos criados ao Deus-dará
Em casa de pais ausentes

Vidas repetidas, estereotipadas
Onde a nossa paciência se esvai
Falta o dinheiro para a prestação
E o totoloto, que nunca mais sai

Vivemos numa corrida louca
Onde não há tempo para nada
O amor é apressado e violado
Porque a mulher está cansada

Mas se o homem não é de ferro
A mulher também não aguenta
E um dia por dá cá aquela palha
Vem a tempestade e...Rebenta!