Numa sociedade consumista, todas as oportunidades para comprar mais, por menos dinheiro, são sempre benvindas, mas muitas vezes deparamos com saldos, que não são verdadeiros saldos e por isso, podem "saldar-se" por uma desilusão.
Mas na voragem do consumo, vende-se muito gato por lebre, os vendedores fazem o seu papel e os consumidores devem fazer o seu. Este poema retrata as situações com que deparamos em época de saldos.
Os saldos são uma loucura
Como estes, não me lembro
Os saldos começam em Janeiro
E só acabam em Dezembro
Está na hora de deitar fora
Todos os monos do armazém
Saldam-se peças com medidas
Que não servem a ninguém
Chegada a época dos saldos
Anda toda a gente numa fona
Todos a quererem comprar
Peças ao preço da uva mijona
Há quem fabrique para saldos
E venda muito, a muita gente
Produtos de baixa qualidade
A comprador, pouco exigente
Quem tem dinheiro não espera
E compra durante todo o ano
Muitas vezes, o barato sai caro
E os saldos, são um engano
Os saldos deveriam de ser
As sobras do fim da estação
Mas há fábricas a produzir
Para vender nesta ocasião
Escolha bem o seu artigo
No momento de comprar
O lojista diz que não troca
Mas é obrigado, só se esgotar
É a grande loucura dos saldos
A preços imbatíveis, arrasantes
Todos acham os preços loucos
Loucos? eram os preços antes
Os lojistas baixam os preços
Para bater a concorrência
Com tanta baixa e rebaixa
Um dia, ainda vão à falência
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Poema: "Vida de cão"
Falar da vida de cão é uma boa oportunidade para comparar a vida do cão e a vida do homem, que muitas vezes se confundem. O poema é uma visão ligeira sobre a vida do cão, mas que dá que pensar, quando pomos em paralelo com a vida do homem. Foi para chamar a atenção das semelhanças que eu fiz este poema.
O meu cão, não vai à escola
Não sabe ler, mas tem educação
Conheço pessoas analfabetas
Pessoas de baixa condição
Que até são mais educadas
Do que aquelas que lá vão
O meu cão, vive na barraca
Como vive qualquer cão
Há pessoas a viver em barracas
Tantas, que até mete impressão
Fazem as casas para os outros
Mas só para si…é que não
O meu cão, não tem carro
Telemóvel ou televisão
Coisa que toda a gente tem
Símbolos da nossa civilização
Todos a imitarem todos
Mesmo que em casa, falte o pão
O meu cão, não trabalha
Vive daquilo que lhe dão
Como muitos desempregados
Que vivem em exclusão
São novos para a reforma
Mas não arranjam patrão
O eu cão, não vota
Em nenhuma eleição
Não acredita em promessas
Como qualquer cidadão
Gosta mais duma soneca
E faz parte, da abstenção
O meu cão, não separa o lixo
Nem sabe o que é poluição
Também conheço pessoas
Que não fazem a separação
Deitam o lixo todo misturado
E até cospem para o chão
O meu cão, não é mentiroso
E nunca morde à traição
É um leal e fiel amigo
Como poucos homens são
Quanto mais conheço os homens
Mais amigo sou, do meu cão
O meu cão, não é rico
Mas é um rico cão
Gosta dos ricos e dos pobres
Sem qualquer distinção
Tão diferente dos homens
Que fazem discriminação
É tanta a coincidência
Que até faz confusão
Haver homens a viver
Tal e qual, o meu cão
Responda quem souber
Quem leva, vida de cão?
O meu cão, não vai à escola
Não sabe ler, mas tem educação
Conheço pessoas analfabetas
Pessoas de baixa condição
Que até são mais educadas
Do que aquelas que lá vão
O meu cão, vive na barraca
Como vive qualquer cão
Há pessoas a viver em barracas
Tantas, que até mete impressão
Fazem as casas para os outros
Mas só para si…é que não
O meu cão, não tem carro
Telemóvel ou televisão
Coisa que toda a gente tem
Símbolos da nossa civilização
Todos a imitarem todos
Mesmo que em casa, falte o pão
O meu cão, não trabalha
Vive daquilo que lhe dão
Como muitos desempregados
Que vivem em exclusão
São novos para a reforma
Mas não arranjam patrão
O eu cão, não vota
Em nenhuma eleição
Não acredita em promessas
Como qualquer cidadão
Gosta mais duma soneca
E faz parte, da abstenção
O meu cão, não separa o lixo
Nem sabe o que é poluição
Também conheço pessoas
Que não fazem a separação
Deitam o lixo todo misturado
E até cospem para o chão
O meu cão, não é mentiroso
E nunca morde à traição
É um leal e fiel amigo
Como poucos homens são
Quanto mais conheço os homens
Mais amigo sou, do meu cão
O meu cão, não é rico
Mas é um rico cão
Gosta dos ricos e dos pobres
Sem qualquer distinção
Tão diferente dos homens
Que fazem discriminação
É tanta a coincidência
Que até faz confusão
Haver homens a viver
Tal e qual, o meu cão
Responda quem souber
Quem leva, vida de cão?
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1-Sociedade
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Poema: O português é muito desenrascado
Não somos um país atrasado por acaso, há razões que nos prendem a esse atraso. A desorganização das nossas vidas que é um mal, fez nascer em nós a "varinha mágica" que é o desenrascanço, e que nós, orgulhosamente, apontamos como virtude, mas eu diria que: só se desenrasca, quem se deixou enrascar. Como acabar com este ciclo vicioso?
Confrontando as nossas qualidades, com os nossos defeitos, para que os vejamos e os possamos emendar, mas será possível? É esse o objectivo deste poema.
O português é bombeiro
Das suas próprias aflições
Para desenrascar em Portugal
Somos quase dez milhões
É a desenrascar que nós somos
Dos melhores que há no mundo
Mas se não fosse a Europa
Este país, já tinha ido ao fundo
O desenrascanço e a cunha
São os maiores em Portugal
Um dia o desenrascanço
Vai ser Património Mundial
O português é homem de fé
Desenrascado quando calha
Mas com tanta desorganização
Já não há santo, que lhe valha
Viver neste país desorganizado
O português trabalha e sua
Enquanto houver um português
O desenrascanço, continua
Porque será que na Europa
Somos dos mais atrasados
Chicos Espertos não nos faltam
Que até são muito desenrascados
O português é desenrascado
Para mal dos nossos pecados
Muito do seu desenrascanço
É deixar os outros enrascados
Não tem hora de partir
Nem têm hora de chegar
Deixa tudo para a última hora
Para depois, desenrascar
Agora com a globalização
Temos que ganhar juízo
Se não nos organizamos
Desta vez, lá se vai o paraíso
Confrontando as nossas qualidades, com os nossos defeitos, para que os vejamos e os possamos emendar, mas será possível? É esse o objectivo deste poema.
O português é bombeiro
Das suas próprias aflições
Para desenrascar em Portugal
Somos quase dez milhões
É a desenrascar que nós somos
Dos melhores que há no mundo
Mas se não fosse a Europa
Este país, já tinha ido ao fundo
O desenrascanço e a cunha
São os maiores em Portugal
Um dia o desenrascanço
Vai ser Património Mundial
O português é homem de fé
Desenrascado quando calha
Mas com tanta desorganização
Já não há santo, que lhe valha
Viver neste país desorganizado
O português trabalha e sua
Enquanto houver um português
O desenrascanço, continua
Porque será que na Europa
Somos dos mais atrasados
Chicos Espertos não nos faltam
Que até são muito desenrascados
O português é desenrascado
Para mal dos nossos pecados
Muito do seu desenrascanço
É deixar os outros enrascados
Não tem hora de partir
Nem têm hora de chegar
Deixa tudo para a última hora
Para depois, desenrascar
Agora com a globalização
Temos que ganhar juízo
Se não nos organizamos
Desta vez, lá se vai o paraíso
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5-Portugal
Poema: 2009, a crise dum modo de vida insustentável
Este poema começa com versos de Camões "Erros meus, má fortuna..." para abordar uma realidade com que actualmente nos debatemos: a Crise. Bem sei que a Crise não é só nossa, mas com o mal dos outros, estamos nós mal.
Porque esta crise é global e ela veio pôr a nú a fragilidade da nossa economia e consequentemente das nossas vidas.
O poema faz uma abordagem das "loucuras" que fizemos no tempo da fartura e da nossa ilusão, que o futuro ia ser sempre assim, e afinal não é. A história da formiga e da cigarra volta a repetir-se.
Erros meus, má fortuna
Ou má cabeça simplesmente
Fizemos vidas impossíveis
Que a vida, não consente
Ninguém pode dar o salto
Maior que a perna que tem
Não se pode gastar tudo hoje
Pode fazer falta, amanhã
Quem não tem asas para voar
Só deveria de andar a pé
Todos querem ser iguais
Mas a vida, mostra que não é
Navegámos na crista da onda
Parecia dinheiro em caixa
Mas a vida, como a maré
Tanto sobe, como baixa
Provámos todos os excessos
Com o entusiasmo de criança
Julgámos ter o mundo na mão
Mas a vida, é feita de mudança
Vivêmos tempos de abundância
Tivemos o que nunca tivemos
Fizemos o que não devíamos
E o que devíamos, não fizemos
Não respeitámos os limites
Atrás da felicidade prometida
Sonhámos demasiado alto
E esquecemos a própria vida
O que importa não é a queda
Há que levantar e prosseguir
Dar passos certos e seguros
Para não voltarmos a cair
Agora para enfrentar a crise
Ninguém perca a esperança
Vamos começar tudo de novo
Como nos tempos de criança
Porque esta crise é global e ela veio pôr a nú a fragilidade da nossa economia e consequentemente das nossas vidas.
O poema faz uma abordagem das "loucuras" que fizemos no tempo da fartura e da nossa ilusão, que o futuro ia ser sempre assim, e afinal não é. A história da formiga e da cigarra volta a repetir-se.
Erros meus, má fortuna
Ou má cabeça simplesmente
Fizemos vidas impossíveis
Que a vida, não consente
Ninguém pode dar o salto
Maior que a perna que tem
Não se pode gastar tudo hoje
Pode fazer falta, amanhã
Quem não tem asas para voar
Só deveria de andar a pé
Todos querem ser iguais
Mas a vida, mostra que não é
Navegámos na crista da onda
Parecia dinheiro em caixa
Mas a vida, como a maré
Tanto sobe, como baixa
Provámos todos os excessos
Com o entusiasmo de criança
Julgámos ter o mundo na mão
Mas a vida, é feita de mudança
Vivêmos tempos de abundância
Tivemos o que nunca tivemos
Fizemos o que não devíamos
E o que devíamos, não fizemos
Não respeitámos os limites
Atrás da felicidade prometida
Sonhámos demasiado alto
E esquecemos a própria vida
O que importa não é a queda
Há que levantar e prosseguir
Dar passos certos e seguros
Para não voltarmos a cair
Agora para enfrentar a crise
Ninguém perca a esperança
Vamos começar tudo de novo
Como nos tempos de criança
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66-Economia
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Poema: "As alcunhas que nos põem"
Muita gente pensará que tratar o tema das alcunhas não tem nada de poético.
De facto o tema em si não é poético, mas permite ver com outros olhos, aquilo que parece insignificante.
A alcunha depois da resistência inicial da vítima é interiorizada e automatizada de modo que os "alcunhados" já nem dão por ela, é por si só um fenómeno social muito persistente e acompanha a vida do alcunhado até à sua morte, passando muitas vezes de pais para filhos.
Pôr uma alcunha a alguém
É como pôr uma tatuagem
Quer nós queiramos ou não
Ela muda a nossa imagem
A alcunha é-nos imposta
Só a tatuagem é consentida
Uma vez, a alcunha posta
É para o resto da nossa vida
A alcunha é democrática
Tem a aceitação da maioria
Só o próprio nunca é ouvido
Estranha forma de democracia
A escolha da alcunha faz-se
Pela profissão ou aparência
Pode ser um tique, uma mania
Ou apenas uma deficiência
Ela faz parte da identidade
Duma terra e duma região
Passa de pais para filhos
Ela faz parte da tradição
Zé Maluco, não tem juízo
Zé Barbeiro corta cabelo
Zé Mudo, não diz nada
E Zé Careca, não tem pêlo
Tira-picos, Tira-dentes, Tira-olhos
Batata, Batatinha, Batateiro
Mata-burros, Mata-cães, Mata-gatos
Pé-de-chumbo, Pé-de-vento, Pé ligeiro
Muitos políticos são vítimas
Da chacota desta atoarda
Se não podes bater no burro
Bate com força na albarda
Põem-se alcunhas por gozo
Ou simplesmente por pirraça
Todos acham graça à alcunha
Só a vítima...não acha graça
De facto o tema em si não é poético, mas permite ver com outros olhos, aquilo que parece insignificante.
A alcunha depois da resistência inicial da vítima é interiorizada e automatizada de modo que os "alcunhados" já nem dão por ela, é por si só um fenómeno social muito persistente e acompanha a vida do alcunhado até à sua morte, passando muitas vezes de pais para filhos.
Pôr uma alcunha a alguém
É como pôr uma tatuagem
Quer nós queiramos ou não
Ela muda a nossa imagem
A alcunha é-nos imposta
Só a tatuagem é consentida
Uma vez, a alcunha posta
É para o resto da nossa vida
A alcunha é democrática
Tem a aceitação da maioria
Só o próprio nunca é ouvido
Estranha forma de democracia
A escolha da alcunha faz-se
Pela profissão ou aparência
Pode ser um tique, uma mania
Ou apenas uma deficiência
Ela faz parte da identidade
Duma terra e duma região
Passa de pais para filhos
Ela faz parte da tradição
Zé Maluco, não tem juízo
Zé Barbeiro corta cabelo
Zé Mudo, não diz nada
E Zé Careca, não tem pêlo
Tira-picos, Tira-dentes, Tira-olhos
Batata, Batatinha, Batateiro
Mata-burros, Mata-cães, Mata-gatos
Pé-de-chumbo, Pé-de-vento, Pé ligeiro
Muitos políticos são vítimas
Da chacota desta atoarda
Se não podes bater no burro
Bate com força na albarda
Põem-se alcunhas por gozo
Ou simplesmente por pirraça
Todos acham graça à alcunha
Só a vítima...não acha graça
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65- Alcunhas
Poema: "A geração XXL"
Numa sociedade que vive em permanente competição é frequente vermos os mais velhos a criticar os mais novos e os mais novos a criticarem os mais velhos. Este poema faz um retrato da vida das novas gerações cheias de rebeldia, prisioneiras dum consumismo que não comandam e que procuram na violência e no desregramento dos comportamentos, apresentar uma liberdade que não têm.
Uma geração criada na abundância e no facilitismo, tem dificuldade em lidar com fenómenos que lhe são externos e que não controlam. Eles nasceram no Céu mas estão a viver no Inferno, Terão eles força para se libertar?
Chamaram-lhe geração rasca
Do facilitismo e do deixa-andar
Dos chumbos a matemática
Da iliteracia e do abandono escolar
Geração dos Mac Donald's
E do telemóvel na escola
Da pizza e do hamburguer
Da cerveja e da Coca-Cola
Geração do telemóvel
Para jogar e namorar
Para exibir e divertir
Só não dá, para estudar
Geração do walkman
Da consola e do MP3
Das discotecas e concertos
Futura geração da surdez
Geração dos grafittis
Do percing e da tatuagem
Geração da roupa de marca
Da etiqueta e da imagem
Geração dos jogos da bola
Desportistas de bancada
Da claque da provocação
Do insulto e da porrada
Geração dos call-centers
Do recibo verde, precário
Do contrato a prazo certo
Sem futuro, nem horário
Geração da velocidade
Na estrada e na Internet
Dão cartas aos mais velhos
Com eles, ninguém se mete
Geração da abundância
Com a gordura à flor da pele
Geração gorda e anafada
Esta é a geração xis xis éle
Uma geração criada na abundância e no facilitismo, tem dificuldade em lidar com fenómenos que lhe são externos e que não controlam. Eles nasceram no Céu mas estão a viver no Inferno, Terão eles força para se libertar?
Chamaram-lhe geração rasca
Do facilitismo e do deixa-andar
Dos chumbos a matemática
Da iliteracia e do abandono escolar
Geração dos Mac Donald's
E do telemóvel na escola
Da pizza e do hamburguer
Da cerveja e da Coca-Cola
Geração do telemóvel
Para jogar e namorar
Para exibir e divertir
Só não dá, para estudar
Geração do walkman
Da consola e do MP3
Das discotecas e concertos
Futura geração da surdez
Geração dos grafittis
Do percing e da tatuagem
Geração da roupa de marca
Da etiqueta e da imagem
Geração dos jogos da bola
Desportistas de bancada
Da claque da provocação
Do insulto e da porrada
Geração dos call-centers
Do recibo verde, precário
Do contrato a prazo certo
Sem futuro, nem horário
Geração da velocidade
Na estrada e na Internet
Dão cartas aos mais velhos
Com eles, ninguém se mete
Geração da abundância
Com a gordura à flor da pele
Geração gorda e anafada
Esta é a geração xis xis éle
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33-Juventude
Poema: "Ontem, hoje e amanhã"
Há 40 passámos predominava a sociedade rural e de repente passamos a ser quase todos urbanos. Hoje olhamos para o passado com algum saudosismo, ao compararmos o antes e o depois. As mudanças foram tão rápidas e tão grandes, que a maior parte de nós, sente dificuldade em lidar com as novas situações, e isso torna-nos inseguros, muitas vezes desejámos voltar à segurança do passado conhecido, mas a vida da humanidade faz-se para a frente e não para trás.
As mudanças nas nossas vidas são tão rápidas, que sentimos dificuldade em acompanhá-las. É disso que fala este poema.
Ontem, cultivávamos os campos
Produzia-se mais e havia fome
Hoje, os campos não se cultivam
Há muito, e toda a gente consome
Ontem, tirávamos um curso
Que durava, para a vida inteira
Hoje, estuda-se ao longo da vida
Já não pode ser doutra maneira
Ontem, casava-se só uma vez
E divórcios, poucas vezes havia
Hoje, o casamento é a prazo
E desfaz-se, da noite para o dia
Ontem, o trabalho era de sol a sol
Só tinhamos a noite para conviver
Hoje, temos mais tempo livre
Mas passamos o tempo a correr
Ontem, passeávamos no jardim
Para ver as árvores e as flores
Hoje vamos ao shopping passear
A nossa gula de consumidores
Ontem, ninguém ficava a dever
E a palavra dada, era cumprida
Hoje, ninguém paga a ninguém
E a honra, é só coisa fingida
Ontem, fazia-se tudo bem feito
E tudo, durava uma eternidade
Hoje, faz-se para durar pouco
Tudo, é precário nesta sociedade
Ontem, havia muitos sem abrigo
Sem eira nem beira e sem comer
Hoje, juntaram-se a todos esses
Os sem tempo, sempre a correr
E amanhã como será a vida?
Como é que o futuro vai ser?
Temos tudo para viver a vida
Mas falta-nos tempo para viver.
As mudanças nas nossas vidas são tão rápidas, que sentimos dificuldade em acompanhá-las. É disso que fala este poema.
Ontem, cultivávamos os campos
Produzia-se mais e havia fome
Hoje, os campos não se cultivam
Há muito, e toda a gente consome
Ontem, tirávamos um curso
Que durava, para a vida inteira
Hoje, estuda-se ao longo da vida
Já não pode ser doutra maneira
Ontem, casava-se só uma vez
E divórcios, poucas vezes havia
Hoje, o casamento é a prazo
E desfaz-se, da noite para o dia
Ontem, o trabalho era de sol a sol
Só tinhamos a noite para conviver
Hoje, temos mais tempo livre
Mas passamos o tempo a correr
Ontem, passeávamos no jardim
Para ver as árvores e as flores
Hoje vamos ao shopping passear
A nossa gula de consumidores
Ontem, ninguém ficava a dever
E a palavra dada, era cumprida
Hoje, ninguém paga a ninguém
E a honra, é só coisa fingida
Ontem, fazia-se tudo bem feito
E tudo, durava uma eternidade
Hoje, faz-se para durar pouco
Tudo, é precário nesta sociedade
Ontem, havia muitos sem abrigo
Sem eira nem beira e sem comer
Hoje, juntaram-se a todos esses
Os sem tempo, sempre a correr
E amanhã como será a vida?
Como é que o futuro vai ser?
Temos tudo para viver a vida
Mas falta-nos tempo para viver.
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122- Sociedade
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