quinta-feira, 22 de julho de 2010

Poema: Matar na estrada não é crime

Chega o Verão e aumentam o número de desastres na estrada, não são acidentes como lhe chamamos, a maioria deles não acontecem por acaso, eles são um desastre para as vítimas, eles destroem vidas e famílias.Os seus causadores, muitas vezes, continuam alheios ao mal que fizeram, e continuam a conduzir impunemente, é urgente chamar os bois pelos nomes e atribuir as responsabilidades aos causadores destes crimes, a sociedade não pode continuar a ver morrer jovens e adultos, sem que nada se faça para contrariar esse flagelo. É disso que falo no meu poema.

Matar na estrada não é crime
Mesmo de forma negligente
Matar a tiro é homicídio
Matar na estrada é acidente

Com esta dualidade de critérios
Mata-se na estrada à vontade
E há tanta condução criminosa
Confiante da sua impunidade

Se quem matasse na estrada
Passasse um tempo na prisão
No futuro teria mais cuidado
E conduzia com mais atenção

Há condutores, como há peões
Portam-se como pessoas tontas
Não tem respeito por ninguém
Mas ninguém, lhes pede contas

Há comportamentos criminosos
De homicidas em potência
Matam e continuam a conduzir
Sem problemas de consciência

Não há castigo para tal crime
A família sente-se injustiçada
Morre o morto duas vezes
E o homicida, não sofre nada

Passar na passadeira não é
Um lugar seguro para o peão
Há ali tantos atropelamentos
Que até parece, contradição

Atribuem-se tantas medalhas
Por serviços prestados à Nação
Também os maus condutores
Deviam usar uma distinção

Se acham injusta tal medida
Arranjem outro tipo de sanção
Quem matasse na estrada
Seria posto fora da circulação

Poema: Pobreza é ficar indiferente

Em tempo de crise, crescem as dificuldades e a pobreza também, é preciso despertar as consciências para o fenómeno da pobreza, ela existe e deve de ser combatida, no ano de combate à pobreza, pobreza é ficar indiferente, não basta matar a fome a quem tem fome é preciso ir às causas do fenómeno.
A pobreza é uma violação dos direitos humanos, é disso que falo neste poema, no ano Internacional de Combate à Pobreza.

São castelos sem muralhas
Os novos condomínios fechados
Têm câmaras de vigilância
Espalhadas por todos os lados

Moram lá dentro as divindades
E os adoradores do dinheiro
Sócios de anónimas sociedades
Que dominam o mundo inteiro

Mas o dinheiro não tem pátria
Corre, não pára um momento
Para satisfazer a sede de lucro
E para rentabilizar o investimento

As empresas têm de ter lucros
A injustiça está na distribuição
A maioria recebe muito pouco
Poucos, recebem a parte de leão

Com tanta riqueza acumulada
Cresce a pobreza e desigualdade
Mas os ricos não se importam
Com a pobreza na sociedade

E para acalmar as consciências
Dizem que pobreza é tradição
E não se mostram incomodados
Com aqueles que não têm pão

Vivem fechados a sete chaves
E viajam em carros blindados
O medo, refugia-se em castelos
Dos novos condomínios fechados

Fecham-se portas e janelas
E fecham-se as consciências
Não há olhos, nem há ouvidos
Para as gritantes, carências

Pobreza, é ficarmos indiferentes
À pobreza, que há à nossa volta
É assistir a tudo, sem fazer nada
E não sentir cá dentro, a revolta

Poema: a minha poesia não é minha

Não é muito costume os poetas falarem da sua poesia. Cabe aos outros falarem dela, mas como há muitos leitores que insistem em chamar-me poeta e a porem-me nos píncaros da lua.
Eu estou apenas a aprender, eu escrevo para os outros, sou um poeta livre, não uso regras nos poemas, para mim o mais importante é a mensagem que quero transmitir. Neste poema eu falo do que entendo por poesia e como ela deve de ser, sem desprimor para outras formas de poesia, que respeito.
Serão sempre os outros a avaliar a valia dos meus poemas, neste poema eu falo disso mesmo.

A minha poesia não é minha
É de quem, quiser ler e escutar
É uma sombra que se oferece
A quem perto dela, se abeirar

Quando o poema tem valor
Não deixa ninguém indiferente
Poema é luz que alumia todos
E tem de mexer com a gente

É como a chuva bem chovida
E não, como chuva de enxurrada
Que arrasta tudo e tudo arrasa
Mas a terra, não absorve nada

O poema não é um labirinto
Onde não sabemos a saída
O poema deve falar claro
Deve de dar, sentido à vida

A poesia não é um código
Que poucos sabem entender
Eu escrevo poesia para todos
Poesia fácil de compreender

Não digo poemas por dizer
Quem fala, quer ser ouvido
Só as conversas de surdos
Não fazem qualquer sentido

O poema é como água corrente
Que se oferece a quem passar
Não é água em poço profundo
Onde poucos, lá podem chegar

Não faço poemas para mim
São para quem os quiser ler
Falo do que interessa a todos
E para todos, estou a escrever

Não quero fazer poemas à pressa
Com pressa de ver obra acabada
Pior que não fazer nada, é fazer
Poemas que não nos dizem nada

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Poema: Este fogo que nos consome

Falar de Verão é falar de calor e de fogos, que chegam todos os anos, com o calor do Verão e destroiem parte da nossa riqueza florestal e são motivo de notícia que enchem os nossos jornais?
Parece uma fatalidade imparável, não haverá forma de travar este flagelo?
É sobre os fogos que trato neste poema.


Este fogo que nos consome
Logo que começa o Verão
São o casamento infeliz
Do desleixo e desorganização

Tanto esforço, tanta canseira
Dos bombeiros para nada
De que serve trancar a porta
Depois da casa arrombada?

As matas, não são limpas
Os donos não querem saber
As aflições vêm depois
Quando, não há nada a fazer

Todos os anos se repete
Este nosso triste fado
Este ano, vai arder o resto
Que sobrou do ano passado

Construir dentro das matas
Ou junto das areias do mar
É pela imprudência de alguns
Que vamos todos, ter de pagar

Qualquer fumador sem pensar
No mal que pode fazer
Deita um cigarro mal apagado
E põe uma floresta a arder

No Verão há festas e há fogos
Há foguetes a anunciar a festa
Tocam os bombeiros aflitos
Começou a arder a floresta

E até há quem ponha fogo
Para ter espectáculo para ver
Corre o povo numa aflição
É bonito...deixa arder!

Andamos há tantos anos nisto
Mas ninguém quer aprender
Que o melhor combate ao fogo
Faz-se, antes de começar a arder