domingo, 30 de janeiro de 2011

Poema: O rei consumidor vai nú

A época de Natal e Ano Novo é uma época de grande consumo, de luxo e de ostentação. Consumir e fazer vida de rico é muito bom, mas tem um problema, é preciso dinheiro, na altura de Natal, todos se esforçam por comprar sempre mais alguma coisa, o que é incentivado pela publicidade e os comerciantes agradecem.
Mas tudo têm um custo, que tem de ser pago. Sobre o consumismo desenfreado, eu fiz este poema.

Quem sou eu? perguntei um dia
Ao meu ego mais profundo
E o ego, respondeu-me assim
Tu és o rei, és o rei do mundo

Sim, eu sou o rei do mundo
Todos têm de me obedecer
A concorrência é muito grande
E todos a mim, querem vender

Sim, eu sou o rei-consumidor
Em todo o lado, sou o primeiro
Eles sem mim, não podem viver
Precisam todos do meu dinheiro

Tu és um pobre rei-consumidor
Quer sejas homem ou mulher
Tu julgas que mandas em nós
Mas só fazes o que a gente quer

Tu julgas-te o rei do mundo
E pensas que nós somos tôlos
Quantas vezes foste enganado
Com as nossas papas e bolos

És um pobre rei-consumidor
Além de tolo, também és vaidoso
Nós dizemos-te que és o maior
Tu acreditas e ficas todo baboso

És muito exigente nas modas
Tu exiges mais e mais de nós
E nós damos-te a última moda
Que é do tempo, dos teus avós

Endividaste-te para ter tudo
Mesmo que tu não possas
E as riquezas que tu tinhas
Já não são tuas, são nossas

És um rei, mas já não mandas
Deixamos-te viver nessa ilusão
O rei do mundo é o dinheiro
E esse, está todo na nossa mão

Poema: A abstenção ganhou por maioria

Mais um acto eleitoral, desta vez para a presidência da República, nos resultados finais cresce a abstenção, há uma parte significativa de eleitores,
que por desinteresse, por preguiça ou por doença, não vai votar, número crescente, que já ultrapassa os 50% do eleitorado.
Sobre esse tema eu fiz este poema.

A abstenção é o maior partido
E tem uma força muito séria
Mas de que serve essa força
Se não tem voto na matéria?

A abstenção é um partido
Dos desiludidos e doentes
E dos muitos preguiçosos
Que estão sempre ausentes

A abstenção é em Portugal
O partido da abstinência
É o maior, mas não governa
Por falta de comparência

A ditadura prendia aqueles
Que contra ela, lutavam
Votavam todos da situação
Lá, até os mortos votavam

A abstenção é o partido
Dos vencidos desta vida
Dos que não esperam vencer
E já estão vencidos à partida

Qualquer voto na abstenção
Não é derrota, nem é vitória
É um voto na continuidade
Que nunca mudará a história

Aquele que não se identifica
Com nenhum partido às eleições
Tem o voto branco e o voto nulo
Pode votar numa dessas opções

O abstinente vive acomodado
E todo o governo lhe fica bem
Não se pode queixar do governo
Porque não votou em ninguém

Hoje que vivemos em liberdade
Como noutro tempo não havia
Se quem pode votar, não vota
Algo vai mal, nesta democracia

sábado, 22 de janeiro de 2011

Poema: Os cortes no orçamento

Começou o novo ano e em Janeiro começaram a aparecer os efeitos dos cortes no Orçamento do Estado, achei por isso oportuno, dar uma visão poética sobre o assunto.

Pelos desgovernos deste Governo
Não põe o povo, as mãos no lume
Porque quando a crise bate à porta
Quem paga, são os mesmos do costume

É assim neste mundo imperfeito
Desde a antiguidade até agora
Os pobres pagam os impostos
E os ricos, ficam sempre de fora

Começa o governo a fazer cortes
E começa logo pelo lado errado
Mais parece o papel higiénico
Que nunca corta pelo picotado

O governo talha o fato ao pobre
Talha o destino e talha o menu
Deixa o pobre, ainda mais pobre
De cinto apertado e quase nu

O governo corta em todo o lado
Mas corta sempre nos de baixo
Só não corta nas mordomias
Nos gestores que têm um tacho

Gestor prevenido vale por dois
Parte e reparte ele faz as normas
Como bom julgador a si se julga
E atribui a si, chorudas reformas

Farta-se o governo de cortar
Na despesa alheia, não na sua
Mas por mais cortes que faça
A crise não acaba, continua

Com a crise que o país tem
Nestes tempos tão mauzinhos
Já ninguém quer fazer filhos
Eles que se façam, sozinhos

Cortam no papel da fotocópia
No papel higiénico e no jornal
Com tanto corte neste país
Mudem o nome para Cor-tu-gal

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Poema: A política é de todos

Estamos em campanha eleitoral e é ocasião para falar de política, sem no entanto tomar partido por este ou por aquele partido, isso é uma opção pessoal que cabe a cada um fazer.
Mas não deixa de ser um tema interessante para reflexão, porque entendo que a política é de todos, o que não quer dizer, que todos temos de ser políticos.
Como o país não pode viver sem governantes, então que se escolham os melhores.

A política é como a chuva
Disse-me isto minha prima
Quem não se mete em política
Leva com a política em cima

Quem não sabe de política
Não sabe do governo da nação
Não se pode conduzir carros
Sem ter carta de condução

A política governa a Nação
E a todos deveria interessar
A quem não sabe de política
É que os políticos vão enganar

Por não sabermos de política
Temos os políticos que temos
Mas não interessa aos políticos
Que nós, nos interessemos

Os políticos não são imunes
Às manobras da corrupção
As tentações são enormes
Uns resistem e outros não

Os políticos são humanos
E nenhum humano é perfeito
Todos têm a fama de corruptos
Uns juntam à fama o proveito

Os políticos não são deuses
Fomos nós que os endeusámos
Não são eles que nos enganam
Fomos nós que nos enganámos

Dizer que eles são todos iguais
É pô-los todos no mesmo saco
É não ver diferença nenhuma
Entre um homem e um macaco

Votar em qualquer político
Sem o conhecer bem primeiro
É como entregar à raposa
A guarda do nosso galinheiro