sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Poema: A corrida ao Ouro
Para quem vive em Portugal, já se apercebeu dum fenómeno novo, que invadiu as nossas vilas e cidades. Todos os dias abrem lojas de compra de ouro. Sobre o fenómeno eu escrevi este poema.
A CORRIDA AO OURO
Dantes chamavam-lhe penhores
Hoje, são casas de compra de ouro
Dantes só ia lá, quem precisava
Hoje, são eles a fazer o chamadouro
Compram-nos o ouro e as pratas
E compram as jóias da família
E quando o ouro, se nos acabar
Também nos compram a mobília
Depois de termos vendido o ouro
Para pagar a crise e as mordomias
Vão-se os aneis e ficam os dedos
Ficamos pobres e de mãos vazias
Com o dinheiro que o patrão paga
Nós comprámos ouro, pró segurar
Mas o ouro, tal como o dinheiro
A mão que o deu, o torna a levar
Neste Natal vai encolher o subsídio
Ficamos com metade do dinheiro
Mas as grandes fortunas não pagam
Para não fugirem p'ró estrangeiro
Aqui, só os pobres pagam a crise
Porque estão habituados a pagar
Os ricos, ficam sempre de fora
Para a pobreza, não aumentar
O patriotismo dos ricos é surdo
Não tem ouvidos para escutar
Como o dinheiro, não tem Pátria
Eles põem o dinheiro a vadiar
O dinheiro adora a boa vida
E quer crescer, sempre mais
Adora off-shores e casinos
Vive bem em paraísos fiscais
Mas nesta economia liberal
Onde o paraíso não é eterno
As promessas de felicidade
Acabam sempre no Inferno
António Silva
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